SETE IDEIAS DE BOGOTÁ PARA CIDADES GAÚCHAS
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SETE IDEIAS DE BOGOTÁ PARA CIDADES GAÚCHAS


INSPIRAÇÃO LATINA. Conheça as experiências que mudaram a convivência urbana na capital colombiana e podem servir de inspiração para municípios do Rio Grande do Sul - MAICON BOCK, ZERO HORA 17/08/2011

Metrópole de 7,2 milhões de habitantes e capital da Colômbia, Bogotá vive um período de transformação social. Por meio de uma série de ações focadas no cumprimento de regras básicas de convivência, a prefeitura conseguiu reduzir conflitos e melhorar a percepção da qualidade de vida por parte dos cidadãos. O processo, em andamento desde 1995, serve de inspiração para cidades gaúchas que lutam contra a chaga do vandalismo e da falta de cuidado com o patrimônio público.

Na sexta-feira, um dos idealizadores da chamada cultura cidadã estará em Porto Alegre para relatar erros e acertos do programa que atualmente leva o nome de Amor por Bogotá. Prefeito entre 1997 e 1998, Paul Bromberg falará no 5º Congresso da Cidade sobre como foi possível mudar a relação dos bogotanos com a cidade.

Antes da campanha, atos como jogar lixo no chão, estacionar em local proibido e desrespeitar a preferência dos pedestres nas faixas eram deslizes corriqueiros. Espaços públicos estavam degradados, e o trânsito, caótico. Sem falar na criminalidade, com altos índices.

Proposta de campanha do prefeito Antanas Mockus, o programa de cultura cidadã começou a ser colocado em prática em 1995, com o foco no cumprimento de leis. A ideia era fazer com que os moradores entendessem a importância da norma, para só depois partir para a repressão. Os prefeitos que o sucederam continuaram com as ações, mas com focos distintos: melhoria dos espaços públicos e mudança de comportamento dos cidadãos.

O orgulho de ser bogotano, como são chamados os habitantes, cresceu e se tornou perceptível no dia a dia. Em outra ponta, a violência diminuiu. Em um década, o número de assassinatos caiu quatro vezes, passando de 81 para cada grupo de 100 mil habitantes, em 1993, para 22,6 na mesma proporção, em 2004. Nas ruas, as mortes no trânsito caíram de 1.387 em 1995 para 697 em 2002.

A visita de Bromberg coincide com o momento em que a prefeitura da Capital conclama a população a se mobilizar pela preservação dos espaços públicos. Lançada em julho, a campanha Porto Alegre: Eu Curto, Eu Cuido ganhou ontem repercussão internacional, com destaque no site da Fifa. A iniciativa gaúcha, inspirada na colombiana, foi citada como um movimento de conscientização para preparar a cidade para a Copa de 2014.

A seguir, confira sete ações que ajudaram a transformar Bogotá:

1 - MUDAR ATITUDES E COMPORTAMENTOS - Com mais de 7 milhões de habitantes, Bogotá sofria com a desordem e a violência no início dos anos 90. Para enfrentar o problema, o então candidato a prefeito Antanas Mockus apresentou na campanha eleitoral um programa de cultura cidadã, que colocou em prática a partir de 1995, com sua vitória nas urnas. Com o nome de Amor por Bogotá, as ações permanecem até hoje. Inicialmente, foi trabalhada a ideia de ampliar o respeito às leis. A meta de prefeitura, atualmente, é mudar comportamentos e atitudes da população, fortalecendo o sentido do patrimônio público, o uso responsável dos bens coletivos e o respeito pelos outros.

2 - AÇÕES EDUCATIVAS E RESPEITO ÀS LEIS - Frente a cada tipo de descumprimento de uma norma, como jogar lixo no chão, atravessar a rua fora da faixa de segurança e estacionar em local proibido, a prefeitura estudou uma forma de abordagem. Foram feitas enquetes para saber o que os moradores pensavam e por que tinham determinado comportamento. Com as informações em mãos, foram implantadas ações educativas para reverter o problema.

3 - FAZER ENTENDER O SENTIDO DA NORMA - Autoridades colombianas chegaram à conclusão de que a simples repressão não basta para levar a população a respeitar uma norma social. Primeiro, é preciso fazer com que o cidadão entenda o sentido da norma, o porquê de sua importância. No desenvolvimento das ações a polícia participava, mas somente após um determinado período de tempo se passava para a repressão.

4 -ADVERTÊNCIAS FEITAS PELOS MOTORISTAS - Um dos maiores problemas da cidade era o trânsito caótico, com congestionamentos e desrespeito de motoristas, ciclistas e pedestres. Uma estratégia adotada em meados dos anos 90 foi a criação de cartões simbólicos. Motoristas que cometiam faltas no trânsito eram advertidos pelos demais, com cartões vermelhos com uma mão fazendo o sinal de negativo. O objetivo era deixar motoristas envergonhados com tais atitudes. Já aqueles que tinham uma atitude cordial viam um cartão branco com um sinal de positivo.

5 - RECUPERAÇÃO DE ESPAÇOS PÚBLICOS - A população precisa desfrutar a cidade. Com esse pensamento, a prefeitura de Bogotá se comprometeu a recuperar e manter em ordem espaços públicos como praças e parques para torná-los, ainda mais, ponto de encontro da população. Com espaços agradáveis, a população se sente à vontade para usufruir dos espaços, diminuindo problemas como vandalismo e pichação. Nesses locais, passaram a ser desenvolvidas séries de atividades culturais e de lazer.

6 - COMBATE AO VANDALISMO - Para as autoridades colombianas, vandalismo e criminalidade são problemas em todas partes. No caso do vandalismo, ocorre quando há ausência de sentido do bem comum, dando a ideia de que ninguém se importa com nada. O abandono dos espaços públicos gera ainda mais abandono. Para enfrentar essa situação e reduzir a criminalidade e o consumo de drogas, foram realizadas oficinas para jovens e criadas oportunidades.

7 - CAMPANHAS DE FORMA PERMANENTE - Todas as ações realizadas precisam de continuidade para serem assimiladas. Autoridades colombianas concluíram que, se as campanhas não forem desenvolvidas de forma permanente, constante, eficiente e enfática, cairão no esquecimento após algum tempo. Para garantir sua permanência, a meta é tornar a cultura cidadã um esforço de todos, e não só de um governo ou governante. Parcerias com empresas e instituições são fundamentais.





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