CORREIO DO POVO, 30/08/2013 14:25
Diante de protestos, Juan Manuel Santos Santos ordena militarização de Bogotá. Ao menos 50 mil soldados foram mobilizados pelo governo colombianoPresidente da Colômbia, Juan Manuel Santos Santos, ordenou a militarização de Bogotá
Crédito: Eitan Abramovich / AFP / CP
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ordenou a militarização de Bogotá e mobilizou cerca de 50 mil soldados nas estradas do país para garantir a mobilidade, afetada por protestos de camponeses que acontecem há 12 dias, anunciou a presidência. "Ontem mesmo (quinta-feira), à noite, ordenei a militarização de Bogotá e assim o farei a partir de hoje em qualquer município ou zona onde seja necessária a presença de nossos soldados (...) e ordenei esta madrugada que sejam mobilizados 50 mil homens de nossas forças militares nas estradas do país para ajudar na mobilidade", afirmou Santos em um discurso por rádio e televisão transmitidos nesta sexta-feira.
O presidente informou que nos distúrbios de quinta-feira duas pessoas morreram. "A militarização de Bogotá significa que os soldados realizarão trabalhos de patrulhamento em coordenação com a polícia", explicou um porta-voz da prefeitura da cidade.
Apesar de na véspera o ministro da Defesa Juan Carlos Pinzón responsabilizar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) pelos distúrbios registrados em Bogotá, Santos se absteve nesta sexta-feira de mencionar a guerrilha, com a qual negocia um processo de paz.
Em compensação, o presidente acusou o movimento político Marcha Patriótica, da esquerda radical. "O movimento Marcha Patriótica visa nos levar a uma situação sem saída para nos impor sua própria agenda. Não se interessam pelos camponeses", declarou. "É inaceitável que as ações de alguns afetem de maneira grave a vida da maioria", enfatizou Santos, ao oferecer recompensas por informações que leve a prisao dos responsáveis pelos distúrbios.
Também pediu aos negociadores do governo que tratam com os camponeses na cidade andina de Tunja (150 km de Bogotá) que voltem para a capital e deixem as propostas oficiais sobre a mesa. "Mantemos toda a disposição para o diálogo com os verdadeiros camponeses", enfatizou.
Depois desse anúncio, os líderes camponeses iniciaram uma reunião de balanço para determinar futuras ações, segundo Eberto Díaz, porta-voz da Mesa de Interlocução Agrária (MIA), que organiza os protestos. Os camponeses realizam manifestações desde 19 de agosto com bloqueios nas principais estradas para exigir ajudas econômicas para a atividade agrícola, que alegam estar prejudicadas com a entrada em vigor de vários tratados de livre comércio, em particular com os Estados Unidos.
ProtestosMilhares de pessoas se manifestaram nessa quinta-feira nas principais cidades da Colômbia para apoiar os camponeses, em passeatas que terminaram com cenas de violência em Bogotá e Medellín. Em Bogotá, trabalhadores, estudantes e profissionais da saúde ocuparam a Praça Bolívar, no centro da capital, onde a polícia de choque reprimiu os manifestantes.
Segundo o ministro da Defesa, 37 policiais ficaram feridos nos protestos, em todo o país, incluindo três agentes baleados em Soacha, subúrbio de Bogotá. "Está claro que aqui não há inocentes: são vândalos, criminosos a serviço de interesses obscuros, certamente a serviço dos terroristas das Farc", disse Pinzón em referência à guerrilha colombiana.
O protesto, que começou pacífico na capital, degenerou no final da tarde, quando manifestantes e policiais se enfrentaram, o que destruiu as vidraças de várias agências bancárias e lojas. Grupos de encapuzados atacaram os policiais com vidros quebrados, paus e pedras. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.
O ministro do Interior, Fernando Carrillo, atribuiu os incidentes a "vândalos que não são camponeses". Em Medellín, segunda principal cidade da Colômbia, o protesto terminou em confronto entre policiais e manifestantes, e dois jornalistas foram agredidos pela polícia. No total, ocorreram 48 protestos, em todo o país.
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