Justiça
O RACISMO PUNIDO
ZERO HORA 14 de abril de 2014 | N° 17763
EDITORIAIS
A exemplar punição aplicada pelo Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul ao Esportivo de Bento Gonçalves, que inclui a perda de nove pontos e o rebaixamento para a série B do Gauchão, tem que ser interpretada como uma reação da sociedade ao racismo e a outras formas de discriminação e violência rotineiras no futebol. O ideal teria sido uma apuração rigorosa para a identificação dos verdadeiros responsáveis pelas ofensas ao árbitro Márcio Chagas da Silva e pela depredação de seu carro. Porém, diante da dificuldade de localizar os torcedores racistas, o clube acabou pagando pela sua parte: o controle que supostamente deve ter sobre sua torcida e, no caso, a guarda do veículo.
Alguma coisa tem que ser feita para acabar com a selvageria no esporte. Vândalos, racistas e homofóbicos estão ameaçando a sobrevivência do futebol no Brasil. Não passa rodada de campeonato sem que se registrem brigas de torcidas, vandalismo nos estádios e nas proximidades, além de manifestações racistas e preconceituosas que já se transformaram até em cantorias coletivas. Muitos torcedores, às vezes de forma desavisada, participam desses cânticos e acabam contribuindo para a disseminação do preconceito.
Por isso, são importantes as campanhas de esclarecimento e os apelos ao autocontrole. Mais do que os clubes e as autoridades, são os próprios torcedores que podem alterar os desvios de comportamento que acabam comprometendo torcidas inteiras. São eles que podem fiscalizar o ambiente que frequentam e desestimular atos agressivos pelo diálogo, pela manifestação de desconformidade e, quando for o caso, pela denúncia às autoridades.
A punição do Esportivo, ainda que possa ser revertida pela instância superior da Justiça Desportiva, já representa uma sinalização importante no enfrentamento do racismo. Resta esperar, agora, que esta visão se estenda ao combate de todos os tipos de violência.
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