O BÊ-A-BÁ DOS VENCEDORES
Justiça

O BÊ-A-BÁ DOS VENCEDORES


ZERO HORA 07 de maio de 2013 | N° 17425 ARTIGOS

 Paulo Vellinho*



Sempre entendi que Deus nos deu dois olhos para observar, dois ouvidos para escutar e uma boca para perguntar, e assim procedi em todos os países que visitei, perdedores e vencedores, e com esses construí meus sonhos de um Brasil desenvolvido, com classe média majoritária, no qual os cidadãos teriam plena saúde física e mental, eliminando assim os vergonhosos desníveis socioeconômicos e até mentais existentes no Brasil.

É obvio que o país dos meus sonhos prescindiria das bolsas assistencialistas que hoje dão aos dependentes apenas o direito de comer e os tornam reféns dos governos que insistem em fazer justiça e bondade com o dinheiro público; como retribuição aos “seus benfeitores”, sentem-se comprometidos em retribuir-lhes o recebido, com o voto nas eleições, votos estes que vão perpetuar no poder os políticos demagogos e populistas.

Enquanto nos países vencedores exige-se dos políticos gestão de excelência, no Brasil temos que nos conformar com uma gestão sem a mesma qualificação.

Quanto à fórmula mágica, “o bê-á-bá dos vencedores”, nada tem de sobrenatural, mas apenas um planejamento de longo prazo visando construir uma sociedade sadia.

Em 1963, fui ao Japão e lá busquei entender o “milagre japonês”, o qual nada mais foi do que focar na qualidade do homem os objetivos da nação. Isto aconteceu no final do século 19. Procuravam abrir o Japão para o mundo deparando com obstáculos físicos intransponíveis, como maremotos, terremotos, vulcões ativos, 80% do seu território montanhoso vulcânico, um subsolo paupérrimo, sem petróleo etc., e a única esperança de alcançar os objetivos foi o firme propósito de investir na qualidade do homem japonês: saneamento básico, nutrição da gestante e da criança, fatores sem os quais não existem condições de ter-se uma sociedade cidadã.

Complementando esta arquitetura, coube eleger a educação como prioridade, reforçando os ensinos Fundamental, Médio e Superior, remunerando decentemente os professores, com salários estabelecidos na razão inversa do nível educacional, ou seja, pagavam e pagam mais para aqueles que constroem o alicerce do conhecimento: o Ensino Fundamental.

Duas gerações foram necessárias para criar uma nova sociedade na qual a principal riqueza era e ainda é o homem japonês.

Pergunto: 1) Os nossos governantes que integram os poderes constitucionais não entenderam ou não quiseram entender como se constrói uma nova sociedade, apesar de viajarem por quase todo o mundo, principalmente os países vencedores?

2) Manter a sociedade escravizada e dependente pelos maus dirigentes políticos e até de algumas igrejas não será uma lamentável estratégia de perpetuação no poder?

Repudio essa hipótese, pois, se real, significaria sujeitar a maioria da sociedade ao estado permanente de pobreza e de miséria.

O Instituto Kinder de Crianças Especiais abriga 300 crianças com deficiências cerebrais (600 na fila de espera), e o preocupante é que 98% de suas famílias não têm nenhum recurso para custear o tratamento.

Meditemos sobre esta realidade.

Questionemos os porquês.

*EMPRESÁRIO



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