LUTO NA PÁTRIA DA SÁTIRA
Justiça

LUTO NA PÁTRIA DA SÁTIRA


 
 
ZERO HORA 08 de janeiro de 2015 | N° 18036

TERRORISMO EM PARIS




LUÍS AUGUSTO FISCHER | Paris



O mais sangrento atentado em Paris desde 1961 atingiu ontem a redação da revista Charlie Hebdo, um clássico da imprensa satírica – por acaso, fundado no mesmo ano em que nasceu O Pasquim no Rio, 1969. No saudoso jornal carioca, publicava sua verve Wolinski, um dos mortos de ontem.

Para um brasileiro médio, é talvez difícil conceber concretamente alguns dados, decisivos no contexto e muito distantes de nosso cotidiano. Por exemplo: a França tem a maior comunidade islâmica da Europa, com grande destaque para a capital. É muito comum a presença da gente, da língua, de costumes e de práticas religiosas relativas ao Islã no cotidiano da cidade, no metrô, na padaria, no mercadinho de especiarias. Há vereadores, policiais, professores, vendedores de lojas, dessa origem.

Paris é uma cidade mundial, como poucas outras, e foi a cabeça de um império com as garras postas em todos os continentes, até duas gerações atrás.

Outro exemplo: o exército francês tem soldados, neste preciso momento, em várias partes do mundo, em ações bélicas. Síria e Iraque, para ficar em apenas dois casos. Mais um exemplo: a França, se não é o berço da liberdade moderna, é a origem de grande parte do debate sobre ela. Estamos falando de mais de 200 anos de experiência direta de luta pela liberdade. E a imprensa é uma instituição de enorme valor para a França, um país sem analfabetos há várias gerações.

E a França, finalmente, é uma das mais tradicionais matrizes do pensamento crítico e da sátira. Rabelais, Montaigne, Voltaire, faz 500 anos que há livros, peças de teatro, poemas, depois jornais, revistas, dando voz ao pensamento mais livre e mais anticareta que se possa imaginar. A rea- ção ao atentado demorará para mostrar-se inteira. No cotidiano do bairro em que moro, até o fim do dia de ontem nada de especial havia ocorrido. Passei em frente a um lugar de orações islâmicas, num trecho caracteristicamente cheio de árabes, e tudo normal. Mas na Praça da República quase 40 mil pessoas se reuniram, mais ou menos espontaneamente, e levantaram ao alto canetas e lápis, que o atentado quis constranger.













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