Magistrado Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal de São Paulo, se manifesta de forma polêmica ao dizer que os ativistas Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi, a quem ele negou pedido de liberdade na sexta-feira 1º, agiram "ao gosto da esquerda caviar"; expressão conservadora é usada com frequência pelo blogueiro Rodrigo Constantino, de Veja, para descrever quem defende o socialismo, mas usufrui dos benefícios do capitalismo; para o advogado de Harano, Luiz Eduardo Greenhalgh, manifestação do juiz foi "absolutamente ideológica"; "Isso me lembrou a época da ditadura militar, da lei de Segurança Nacional, sem nenhum fundamento"
SP 247 – O juiz que negou liberdade aos ativistas Fábio Hideki Harano e Rafael Lusvarghi, acusados de liderar manifestações violentas e depredação do patrimônio em São Paulo, usou a expressão "esquerda caviar" em sua decisão, proferida na última sexta-feira 1º. Marcelo Matias Pereira, da 10ª Vara Criminal, afirmou que os 'black blocs' atuam "bem ao gosto da denominada esquerda caviar".
A expressão conservadora é usada para descrever quem defende os conceitos do socialismo, mas usufrui dos benefícios do capitalismo e é citada frequentemente pelo blogueiro de Veja Rodrigo Constantino.
"Além de descaradamente atacarem o patrimônio particular de pessoas que tanto trabalharam para conquistá-lo, sob o argumento de que são contra o capitalismo, mas usam tênis da Nike, telefone celular, conforme se verifica nas imagens, postam fotos no Facebook e até utilizam uma denominação grafada em língua inglesa, bem ao gosto da denominada esquerda caviar", escreveu o juiz, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.
O advogado de Hideki, Luiz Eduardo Greenhalgh, afirma que a manifestação do juiz foi "absolutamente ideológica" e sem fundamento. "Isso me lembrou a época da ditadura militar, da lei de Segurança Nacional, sem nenhum fundamento", disse Greenhalgh.
Em novo artigo, o jornalista Paulo Moreira Leite comenta nesta terça-feira o fato de dois ativistas terem ficado 42 dias presos, acusados por um crime que não cometeram. Para a polícia, em 2014, resta explicar uma acusação para a qual não exibe provas consistentes. Para os ativistas, cabe responder o motivo de protestos violentos", diz ele, que afirma que "provas fictícias ferem a democracia".
Laudos apontaram que os materiais que estavam com os ativistas presos não tinham potencial para explosão. As acusações contra os dois jovens são de incitação ao crime, associação criminosa armada, resistência, posse de artefato explosivo e desobediência. As defesas dos dois manifestantes afirmam que as acusações são inconsistentes.
Para o juiz, os ativistas Harano e Lusvarghi tinham "liderança sobre as massas". O magistrado defende a ideia de que os 'black blocs' fizeram com que as manifestações no País perdessem a legitimidade e suas atitudes, de depredação e violência, tiraram o direito dos que pretendiam protestar de forma pacífica.