MORTE DO CINEGRAFISTA, INQUÉRITO VAI PARA O MP NA SEXTA
Justiça

MORTE DO CINEGRAFISTA, INQUÉRITO VAI PARA O MP NA SEXTA



Inquérito que investiga a morte de cinegrafista será entregue nesta sexta-feira ao Ministério Público. Segundo delegado, contradição em depoimento de Caio Silva de Souza, indiciado pelo homicídio de Santiago Andrade, não muda a conclusão do documento

ANA CLAUDIA COSTA 
O GLOBO
Atualizado:14/02/14 - 10h46

O delegado Maurício Luciano e do chefe de Polícia, Fernando Veloso, durante entrevista sobre a prisão de Caio Silva de Souza Pablo Jacob / O Globo


RIO - O delegado Maurício Luciano Almeida, titular da 17ª DP (São Cristóvão), disse na manhã desta sexta-feira que o inquérito que apura a morte do cinegrafista da Bandeirantes, Santiago Andrade, será entregue hoje à tarde para a Promotoria de Investigação Penal do Ministério Público. Segundo o delegado a promotora já acenou positivamente para manter o indiciamento de Caio Silva de Souza e Fabio Raposo por homicídio doloso qualificado com dolo eventual e crime de explosão. Eles, de acordo com Maurício Luciano, devem ser denunciados por esse crime.

Ainda de acordo com o delegado no relatório do inquérito, além de depoimentos há provas robustas que comprovam a participação dos dois acusados na acionamento do rojão que vitimou o cinegrafista. Seguem junto ao relatório laudos do esquadrão anti-bombas sobre o artefato, laudo cadavérico do cinegrafista, perícia de local além de depoimentos de testemunhas e do amigo de Caio que trabalhava com ele no hospital. O amigo confirmou ter ele ligado no dia da manifestação ofegando dizendo que havia feito uma besteira e teria matado um homem.

Nesta quinta-feira, o porteiro Caio Silva de Souza, indiciado pelo homicídio do cinegrafista, entrou em contradição em seu depoimento a policiais da 17ª DP, prestado no complexo penitenciário de Gericinó, onde está preso. Ele declarou que quem acendeu a bomba que matou a vítima foi o tatuador Fábio Raposo, também já preso. Em entrevista à Rede Globo no dia anterior, no entanto, Caio admitira ter acionado o rojão.

De acordo com o delegado Maurício Luciano, essa nova informação não muda a conclusão do inquérito. Segundo ele, não importa quem acendeu o explosivo: tanto Fábio como Caio estão indiciados por homicídio com dolo eventual e crime de explosão.

No depoimento, divulgado no site do jornal “Extra”, Caio contou que participou de manifestações e que esteve na Câmara dos Vereadores no final do ano passado, no movimento Ocupa Câmara. Ele disse que já foi convidado a participar de protestos de forma remunerada, mas que não conhece as pessoas que aparecem nos atos públicos oferecendo dinheiro da passagem a quem tem dificuldade para comparecer à manifestação seguinte. O acusado disse que viu, na porta da Câmara, a chegada de até 50 quentinhas para os ativistas.

Essas informações, segundo o delegado Maurício Luciano, serão enviadas para um outro inquérito que vai apurar o aliciamento de jovens para participar de atos violentos. Na manhã de ontem, o chefe de Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, disse que a Coordenadoria de Inteligência Policial (Cinpol) e o Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança vão coordenar as investigações sobre o recrutamento de jovens para praticar baderna em protestos. Caio confirmou aos policiais que existem financiadores de manifestações. Na quarta-feira, o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Caio, havia dito que seu cliente recebia R$ 150 para cometer atos de vandalismo durante os atos públicos.

Santiago Andrade foi cremado na tarde desta quinta-feira, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju. O cinegrafista morreu depois de ter sido atingido por um rojão na cabeça durante uma manifestação em frente à Central do Brasil, no último dia 6.




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