A partir de segunda feira, grevistas que tentarem bloquear saída de ônibus estarão sujeitos a multa e poderão ser retirados à força da frente das garagens por policiais militares, caso haja pedido de juiz do TrabalhoNa manhã de segunda-feira, as garagens de Porto Alegre terão de estar livres para que motoristas e cobradores que desejam trabalhar consigam colocar os ônibus em circulação. Assim determinou ontem a 10ª Vara do Trabalho, a pedido do Sindicato das Empresas de Ônibus (Seopa).
A nova derrota jurídica dos grevistas pode abrir caminho para a volta gradual da frota às ruas. Se descumprirem a ordem, eles serão multados em R$ 100 mil e poderão ser retirados à força pela Brigada Militar, caso o juiz Elson Rodrigues da Silva Junior peça. Na decisão, ele enfatizou a ilegalidade da paralisação e criticou o que chama de “poder paralelo, que não respeita decisões judiciais”:
“Acolho o pedido liminar para determinar aos réus a retirada dos piquetes no prazo de 48 horas a contar da intimação desta decisão, sob pena de, se necessário for, ser determinada a utilização de força policial para assegurar o direito das empresas.”
Ele salientou que os sindicalistas cometeram excessos ao barrar os trabalhadores que não querem aderir ao movimento e sublinhou que os piquetes “não se destinam ao simples convencimento à paralisação”: “Há clara tentativa de fazer prevalecer, pela força, um pseudodireito dos grevistas que afronta direitos básicos do cidadão. Há pessoas que precisam ir a hospitais. Há pessoas que precisam se locomover pelas mais variadas e justas razões”.
O secretário da Segurança Pública, Airton Michels, adota cautela e não fala ainda em agir, mas garante que a Brigada Militar vai intervir se a Justiça determinar.
O grupo mais radical do comando de greve, liderado pelo sindicalista Luis Afonso Martins, promete uma ação surpresa na segunda, com apoio de ativistas de outros Estados ligadas ao PSOL, PSTU, Conlutas e Intersindical:
– No domingo à tarde, eles já estarão aqui. Esperamos contar com um grupo expressivo e não vamos adiantar o que faremos. Queremos mostrar ao Brasil que todos somos trabalhadores e nossos inimigos são os empresários – disse Martins.
Ontem foi um dia de tensão entre grevistas e rodoviários que pretendiam trabalhar. Já sem parte do salário de janeiro, funcionários da VTC decidiram colocar os ônibus nas ruas. No portão, um solitário grevista fincou o pé.
– Só se passar por cima de mim.
Minutos depois, mais duas mulheres chegaram ao local e deitaram no chão. Houve bate-boca.
Quatro coletivos saíram por um portão lateral, mas os condutores teriam sido ameaçados.
– Um motoqueiro parou do meu lado e falou: “Tu vais pagar para ver?”. E mandou recolher o ônibus – relatou o motorista Jorge Luiz Lopes de Almeida.
Às 9h45min, um dos coletivos que fazia a linha 165-Cohab retornou à garagem com dois vidros quebrados. O veículo foi apredrejado. Havia cinco passageiros, mas ninguém se feriu.
*Colaborou Roberto Azambuja