EMPATIA
Justiça

EMPATIA


ZERO HORA 30 de janeiro de 2013 | N° 17328


MARTHA MEDEIROS



As pessoas se preocupam em ser simpáticas, mas pouco se esforçam para ser empáticas, e algumas talvez nem saibam direito o que o termo significa. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreendê-lo emocionalmente. Vai muito além da identificação. Podemos até não sintonizar com alguém, mas nada impede que entendamos as razões pelas quais ele se comporta de determinado jeito, o que o faz sofrer, os direitos que ele tem.

Nada impede?

Foi força de expressão. O narcisismo, por exemplo, impede a empatia. A pessoa é tão autofocada, que para ela só existem dois tipos de gente: os seus iguais e o resto, sendo que o resto não merece um segundo olhar. Narciso acha feio o que não é espelho. Ele se retroalimenta de aplausos, elogios e concordâncias, e assim vai erguendo uma parede que o blinda contra qualquer sentimento que não lhe diga respeito. Se pisam no seu pé, reclama e exige que os holofotes se voltem para essa agressão gravíssima. Se pisarem no pé do outro, é porque o outro fez por merecer.

Afora o narcisismo, existe outro impedimento para a empatia: a ignorância. Pessoas que não circulam, não possuem amigos, não se informam, não leem, enfim, pessoas que não abrem seus horizontes tornam-se preconceituosas e mantêm-se na estreiteza da sua existência. Qualquer estranho que possua hábitos diferentes será criticado em vez de respeitado. Os ignorantes têm medo do desconhecido.

E afora o narcisismo e a ignorância, há o mau-caratismo daqueles que, mesmo tendo o dever de pensar no bem público, colocam seus próprios interesses acima do de todos, e aí os exemplos se empilham: políticos corruptos, empresários que só visam ao lucro sem respeitar a legislação, pessoas que “compram” vagas de emprego e de estudo que deveriam ser conquistadas através dos trâmites usuais, sem falar em atitudes prosaicas como furar fila, estacionar em vaga para deficientes, terminar namoros pelo Facebook, faltar compromissos sem avisar antes, enfim, aquelas “coisinhas” que se faz no automático sem pensar que há alguém do outro lado do balcão que irá se sentir prejudicado ou magoado.

É um assunto recorrente: precisamos de mais gentileza etc. e tal. Para muitos, puxar uma cadeira para a moça sentar ou juntar um pacote que alguém deixou cair, basta. Sim, somos todos gentis, mas colocar-se no lugar do outro vai muito além da polidez e é o que realmente pode melhorar o mundo em que vivemos. A cada pequeno gesto diário, a cada decisão que tomamos, estamos interferindo na vida alheia. Logo, sejamos mais empáticos do que simpáticos. Ninguém espera que você e eu passemos a agir como heróis ou santos, apenas que tenhamos consciência de que só desenvolvendo a empatia é que se cria uma corrente de acertos e de responsabilidade – colocar-se no lugar do outro não é uma simples gentileza que se faz, é a solução para sairmos dessa barbárie disfarçada e sermos uma sociedade civilizada de fato.



loading...

- O Que VocÊ Nunca Deve Perguntar A Um Americano
ZERO HORA 16 de dezembro de 2015 | N° 18387 DAVID COIMBRA Se tem algo que aprendi sobre os americanos, nesse tempo morando no norte do mundo, é o seguinte: Nunca, NUNCA!, pergunte a um americano qual é a sua idade. Eles ficam irritados. Mas preciso...

- Por Uma Sociedade PadrÃo Fifa
JORNAL DO COMÉRCIO 12/02/2014 André Luís Moura Enfim, o Terceiro Milênio! O que vemos? Caos! Todos os tipos de violência. Discriminação, dor, fome, guerra, terrorismo, pobreza, Black Blocs, manifestações, agressões físicas à imprensa, autoritarismo,...

- O Mal De Calligaris
ZERO HORA 30 de novembro de 2013 | N° 17630 ARTIGOS  Gilberto Schwartsmann* Há alguns dias, leitores de ZH fizeram críticas às opiniões veiculadas pela jornalista Rosane de Oliveira e pelo escritor Luis Fernando Verissimo, no que diz respeito...

- Quem Suporta A Liberdade?
ANA PAUL BARCELLOS - O GLOBO, 01/07/2011 Vivemos em uma era estranha. A despeito do progresso, nos tornamos fracos e débeis, incapazes de lidar com um dos bens mais preciosos da humanidade: a liberdade. É certo que níveis extremos de pobreza, ignorância...

- EducaÇÃo, CompetiÇÃo E ViolÊncia
Educação, competição e violência, por Valdo Barcelos, professor da UFSM, Escritor. Zero Hora 11/12/2010 Onde aprendemos a competir com tanta intensidade? Como aprendemos isso com tanta facilidade? Essas duas perguntas estão sendo feitas por quem...



Justiça








.