A face da oposição venezuelana, que o presidente Nicolás Maduro descreve como fascista e golpista, tentando fazer dela o retrato de todos os críticos ao governo, é a de um economista de 42 anos, formado em Harvard, que foi prefeito da cidade de Chacao, na região metropolitana de Caracas, entre 2000 e 2008.
A origem política de Leopoldo López Mendoza é a mesma dos oposicionistas moderados como o ex-candidato presidencial Henrique Capriles: o partido Primeiro Justiça. Em dezembro de 2006, porém, López deixou seus então companheiros e fundou a agremiação Um Novo Tempo. Três anos depois, num episódio não menos controverso, criou a sigla conservadora Vontade Popular, onde se perfila como líder nacional.
Enfim, de polêmica em polêmica, López desenha uma trajetória na qual não falta nem mesmo a acusação de ter desviado salários de funcionários quando era prefeito ou de ter recebido recursos indevidos da companhia de petróleo estatal PDVSA, cuja gerência cabia a Antonieta Mendoza, sua mãe. Tudo ele nega veementemente.
A polarização política que se acentuou na Venezuela durante os anos do chavismo uniu a oposição. Ontem, porém, Capriles já dava sinais de que não pretende acompanhar as práticas de López. Acusou-o de iludir os seguidores, argumentou que 2014 não é ano eleitoral, disse que lhe falta apoio popular e acrescentou que a Constituição tem lá seus caminhos para quem quer chegar ao poder.
Falou quase o mesmo que Maduro. Mostrou as fissuras da oposição.Sabe-se que, por tudo isso, López é o líder dos opositores venezuelanos tidos como radicais, diferentemente de Capriles, com seu discurso de moderação. Foi ele o responsável por chamar os estudantes às ruas, via redes sociais. E é a ele que o governo responsabiliza pelas quatro mortes ocorridas em meio aos protestos. O slogan “La Salida” (A Saída, em espanhol) é visto como a senha para o golpe de Estado. A saída seria de Maduro, é claro, e não pelo voto popular.
López é filho da elite venezuelana. Vem de uma família ligada à indústria e, em especial, ao setor petroleiro, o mais importante do país. Conquistou alguma popularidade com seus discursos virulentos contra o chavismo. Mas o próprio governo americano já o definiu como “arrogante, vingativo e sedento por poder”, conforme documento vazado pelo site Wikileaks.
Opositor é preso antes de protesto