Justiça
REAJUSTE SERÁ ESCALONADO
DIÁRIO CATARINENSE, 14/10/2011Relator do Plano Plurianual 2012-2015 (PPA), o senador Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu que o reajuste salarial do Judiciário e do Ministério Público ocorra de forma escalonada nos próximos quatro anos.
O PPA é um instrumento de planejamento orçamentário de médio prazo e estabelece diretrizes e metas do governo para projetos e programas.
A discussão sobre o reajuste do Judiciário quase provocou uma crise institucional. Ao enviar ao Congresso as previsões de receitas e gastos para 2012, o governo havia deixado de fora as propostas de reajustes da Justiça, que causam impacto de R$ 7,7 bilhões nos cofres públicos.
Segundo Pinheiro, “as contas públicas não podem suportar o impacto desse reajuste em um ano”. Ele disse que parlamentares envolvidos nas discussões do Orçamento do ano que vem avisaram ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, a intenção de estabelecer um reajuste escalonado.
Apesar de defender o reajuste programado até 2015, o petista disse que ainda não é possível dizer como o aumento seria dividido.
– Temos que esperar dezembro chegar para avaliarmos melhor como será esse escalonamento. Em dezembro teremos os indicadores macroeconômicos mais próximos da realidade e propor uma coisa que poderemos cumprir. O que não podemos é prometer aquilo que não lá na frente não poderemos bancar.
Pinheiro comentou a declaração do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) que pediu cautela nos ajustes do orçamento.
Presidência quer cautela sobre Orçamento de 2012. Relatório que prevê R$ 25,6 bilhões a mais de despesas e crise internacional preocupam governo.O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, recomendou, ontem, cautela ao Congresso na elaboração do Orçamento da União para 2012.
O relatório de receitas do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), divulgado na última terça-feira, prevê um aumento de R$ 25,6 bilhões da receita líquida, em relação à previsão feita pelo Executivo para o ano que vem
– Temos que ter cuidado de ver até que ponto esse Orçamento vai de fato se realizar – alertou Carvalho.
– Qualquer referência ao Orçamento do ano que vem tem que ser muito cuidadosa. Nós respeitamos a posição do Legislativo, do relator, mas temos que ter muito cuidado frente à crise financeira internacional – afirmou o ministro, ao deixar o fórum de debates no Interlegis sobre o Plano Plurianual (PPA).
Carvalho acrescentou que o governo continuará praticando “uma política de responsabilidade fiscal combinada com a política de responsabilidade social’. E reafirmou que o governo está cauteloso com os desdobramentos da crise internacional, que tem repercussão sobre o Brasil.
– Em se tratando de matemática é preciso que sejamos realistas. Só podemos gastar dentro do que vamos realmente arrecadar – destacou.
Ao justificar a elevação da receita líquida, Acir Gurgacz afirmou que esse aumento poderá ser usado pelo relator geral, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), e pelos relatores setoriais para atender às demandas como emendas parlamentares e até eventuais aumentos salariais dos servidores.
O projeto, enviado pelo governo ao Congresso no dia 31 de agosto, já foi pivô de uma polêmica com o Poder Judiciário. O texto original não previa recursos para pagamento de aumento salarial ao Judiciário e ao Ministério Público Federal no ano que vem.
Diante da forte reação do Supremo Tribunal Federal, a presidente Dilma Rousseff (PT) encaminhou um adendo orçamentário garantindo mais dinheiro ao Poder Judiciário e ao MPF.
– As propostas que ora remeto não foram incluídas na peça Orçamentária de 2012, em primeiro lugar, em função do quadro de incerteza econômica mundial, em que é indispensável que o Brasil mantenha uma realidade fiscal responsável que lhe permita lidar com sucesso com eventuais situações de crise – falou a presidente Dilma na época.
Antes, Dilma havia afirmado que “a inclusão de propostas grandes de reestruturação para o funcionalismo federal prejudicaria a efetiva implementação de políticas públicas essenciais como as da saúde, educação e redução da miséria”.
Ela disse ser fundamental que o governo “mantenha sua trajetória de ajuste fiscal” para conseguir enfrentar turbulências internacionais.
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