Justiça
O TRIBUNAL DA OPINIÃO PÚBLICA
ZERO HORA 14 de agosto de 2012 | N° 17161
EDITORIAL
Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha com 2.562 pes- soas, na semana passada, mostrou que 73% dos entrevistados defendem condenação e cadeia para os principais réus do mensalão, embora apenas 11% digam acreditar que haverá punição. O levantamento indica ainda que quatro em cada cinco brasileiros (82% dos inquiridos) creem que o mensalão foi um episódio de corrupção que envolveu o uso de dinheiro público para a compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional. Ou seja: na percepção popular, a tese do procurador-geral da República prevalece sobre as alegações de inocência e mesmo sobre o pretexto de que houve apenas o delito eleitoral conhecido por caixa 2 – ainda que tal argumentação tenha sido novamente colocada em dúvida ontem, pelo defensor do deputado Roberto Jefferson, advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que não só acusou o ex-presidente Lula de ser o mandante do esquema como também denunciou o próprio chefe do Ministério Público por prevaricação e por incompetência no arrolamento das provas.
A visão da opinião pública, aferida entre a denúncia apresentada pelo procurador e as primeiras defesas feitas pelos representantes dos acusados, ainda pode se alterar com o andamento do restante do julgamento. Certamente, a sustentação feita ontem pelo defensor do deputado Roberto Jefferson foi aplaudida por algumas pessoas e provocou revolta em outras, principalmente pela contundência das acusações. Assim é – e deve ser – o debate democrático, um confronto de posições que permite aos observadores pesar e medir os argumentos apresentados para buscar a própria verdade.
Até por isso, os julgadores têm que se colocar acima das paixões. O Supremo não vai julgar os réus do mensalão por conta da eloquên- cia dos acusadores ou dos defensores, nem influenciado por uma pesquisa de opinião, por mais correta e séria que seja. Vai basear a sua decisão nos autos, nas provas, no convencimento pessoal de cada ministro depois da oitiva de todas as partes. O povo até pode querer justiçamento, mas a mais alta corte de um país democrático não pode se afastar um milímetro da justiça.
Ainda assim, esta ânsia dos cidadãos em condenar personalidades suspeitas de envolvimento em irregularidades, revelada pela pesquisa, tem um aspecto positivo: mostra a inequívoca opção da sociedade pela ética e pela honestidade. O tribunal da opinião pública pode até se deixar influenciar por fatores políticos e emocionais, por discursos bonitos e por informações contraditórias, mas merece consideração porque expressa o sentimento majoritário de um povo.
loading...
-
IrritaÇÃo E Baixaria Na Corte
ZERO HORA 27 de setembro de 2012 | N° 17205 A HORA DA DECISÃO Em dia de bate-boca, relator irrita colegas. Ayres Britto participa de reprimenda Há tensão no ar. Ontem foi o dia em que ocorreram os debates mais ácidos entre os ministros do Supremo...
-
ExercÍcio DemocrÁtico
ZERO HORA 18 de agosto de 2012 | N° 17165 EDITORIAL Os ministros batem boca, digladiam-se verbalmente, discordam abertamente e parecem mais preocupados em mostrar erudição jurídica do que propriamente em fazer justiça; o procurador sente-se ofendido...
-
Brasileiros NÃo Acreditam Em PrisÃo No Caso MensalÃo
Apesar de 73% querer condenação e prisão dos acusados, 43% acredita que haverá absolvição no processo, segundo pesquisa da Datafolha Estadão.com.br- 12 de agosto de 2012 | 12h 17 SÃO PAULO - Apesar de a maioria dos brasileiros (73%)...
-
AlÉm Do RÓtulo
ZERO HORA 01 de agosto de 2012 EDITORIAL Os olhos do país voltam-se, a partir de amanhã, para o Supremo Tribunal Federal, que começará a julgar 38 réus denunciados por participação naquele que está sendo considerado como o maior escândalo de...
-
Sinuca Para O Supremo
ZERO HORA 20 de julho de 2012 | N° 17136 PÁGINA 10 | ROSANE DE OLIVEIRA O julgamento dos acusados de envolvimento no escândalo do mensalão entrará para a história como a maior sinuca já enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal. Como os ministros...
Justiça