O LEGADO SANTIAGO
Justiça

O LEGADO SANTIAGO


REVISTA ISTO É N° Edição: 2308
| 14.Fev.14 - 20:50
| Atualizado em 15.Fev.14 - 15:20




Carlos José Marques, diretor editorial


A inaceitável morte de Santiago traz alertas importantes para a democracia brasileira. A escalada da violência promovida por bandos de vândalos, arruaceiros sem causa e extremistas desvairados passou de todos os limites e precisa ser contida – o quanto antes! – na letra da lei. O caráter fascistoide dos chamados black blocs já estava mais do que evidente quando eles se infiltraram nas manifestações de rua ainda em meados do ano passado, mas a indulgência generalizada para com os seus atos só aumentou o tamanho do problema. Setores da sociedade – de entidades de direitos humanos a organizações de classe – saíram em defesa de suas ações, levados por um liberalismo distorcido e inconsequente. A radicalização cresceu com pouca, ou nenhuma, resistência. Os black blocs, equivocadamente glamorizados como meros rebeldes, tomaram conta! Seguiram cometendo barbáries em nome de um anarquismo anacrônico e criminoso, até culminar com o lamentável atentado contra o cinegrafista Santiago Andrade. Não importa se Santiago estava na mira ou não de seus algozes. Foi a vítima fatal de um ataque inclemente contra toda a sociedade. Já está provado que, ao saírem com armas, mascarados e insuflados pelos piores sentimentos, os black blocs atuam como bandidos. Depredam o patrimônio, promovem agressões, aniquilam o direito à informação perseguindo jornalistas e até ceifam vidas. É imprescindível que respondam por isso. E os instrumentos para puni-los exemplarmente e, em alguns casos, trancafiá-los estão aí, sem necessidade de revisões. Os black blocs podem e devem ser enquadrados no Código Penal.

Não são meros manifestantes e, separado o joio do trigo, os protestos legítimos da baderna pura e simples, parece haver na outra ponta do processo riscos crescentes de se responder à violência com mais violência. Um irrefreável pendor autoritário grassa com fervor nesse ambiente. Movido pelo despreparo da força policial e por casuísmos vindos de alas populistas da política. É certo, a radicalização pode tomar corpo de várias maneiras. Na forma de um projeto de lei antiterrorismo como o que está em estudo no Congresso, por exemplo. De autoria do petista Paulo Paim, com um texto repleto de generalizações que abre margem a interpretações variadas, a proposta, em certos parágrafos, assemelha-se às piores leis praticadas no período dos regimes de exceção. Animados para surfar na indignação geral, parlamentares podem com ela inaugurar uma espécie de nova era de macarthismo à brasileira, na qual autoridades estariam municiadas para perseguir inclusive eventuais opositores do sistema ou desafetos. A lei antiterrorismo em discussão, nos termos em que está posta, não auxilia no processo. Só confunde as ações. De outra parte, o relaxamento ou leniência do aparato policial para com os extremistas contribuiu para entornar o caldo. Há de se perguntar: por que os comandos da PM, com todo o arsenal de informações e tecnologia disponível, não conseguiram aplicar inteligência às suas operações, de modo a distinguir criminosos, facilmente identificáveis, em meio aos populares que muitas vezes foram às ruas em protestos legítimos? Barrar o avanço da delinquência dos black blocs e de suas milícias, que transformam cidades em verdadeiros campos de guerra – e sabotam o impulso democrático de mobilização livre e ordeira para manifestar inconformismos –, é um desafio tão grande como o de garantir o funcionamento sereno e equilibrado das instituições. Vencer esses desafios será o maior legado em memória de Santiago.



loading...

- VÂndalos Em Seu Devido Lugar
O Estado de S.Paulo 15 de março de 2014 | 3h 01 OPINIÃO Surgem os primeiros sinais animadores de que as manifestações de rua podem perfeitamente - como em geral acontecia antes da entrada em cena dos black blocs - transcorrer de forma pacífica....

- O Risco Do Radicalismo
REVISTA ISTO É N° Edição: 2308 | 14.Fev.14 - 20:50 | Atualizado em 15.Fev.14 - 14:46 A morte do cinegrafista Santiago Andrade, fruto da inaceitável violência dos black blocs, revela o despreparo da polícia para lidar com extremistas e coloca o...

- Black Bloc Ruralistas
ZERO HORA 14 de fevereiro de 2014 | N° 17704 ARTIGOS Black blocs ruralistas, por Elvino Bohn Gass* O vandalismo mascarado é a marca da tática de guerrilha urbana black bloc. Tapam o rosto por uma razão óbvia: sabem que o que fazem é ilegal....

- ViolÊncia ImpÕe Resposta Mais RÁpida Do Congresso
O ESTADO DE S.PAULO, 13.fevereiro.2014 14:30:59 João Bosco Rabello Por mais que possa sugerir uma estratégia de defesa de seu cliente, pela sua essência redutora de intenção e de manipulação, a acusação do advogado Jonas Tadeu de envolvimento...

- Black Bloc Sininho NÃo Trabalha, Tem Dois Rg E Mora Em Copacabana
REVISTA VEJA Blog Reinaldo Azevedo - 12/02/2014 às 4:36 A fadinha dos black blocs – “Sininho”, 28, não trabalha, tem dois endereços no Rio — um em Copacabana —, dois RGs, já chamou policial de “macaco” e foi presa duas vezes,...



Justiça








.