ZERO HORA 01 de junho de 2015 | N° 18180
POLÍTICA + | Juliano RodriguesO CÉU É O LIMITE PARA O NOVO ESTATUTO DOS MAGISTRADOS À revelia da crise financeira que causa desemprego e corrói os salários dos trabalhadores no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) prepara uma nova versão da Lei Orgânica da Magistratura. Na esteira de adaptações importantes a uma legislação que é antiga (foi criada em 1979) e foi sucedida pela Constituição de 1988, o presidente do Supremo e responsável pelo anteprojeto, Ricardo Lewandowski, incluiu um pacote de benefícios de dar inveja a qualquer outra categoria profissional.
Se prosperar a proposta de Lewandowski, os magistrados terão auxílios para: alimentação, creche, educação (para filhos entre 6 e 24 anos), plano de saúde, extra de até 20% do subsídio para pós-graduação, até três subsídios como auxílio-mudança, pagamento de auxílio-transporte na falta de carro oficial e pagamento extra para participar de bancas de concursos. Tem mais: o Congresso não teria mais a prerrogativa de analisar reajustes salariais dos magistrados, tudo ficaria a cargo do Supremo.
E ainda: juízes estariam impedidos, mesmo se fossem presos em flagrante, de ser conduzidos por autoridade policial a uma delegacia.
Em fevereiro, ao anunciar aos magistrados que entregaria, ainda em 2015, o projeto concluído, Lewandowski deu a entender que os atuais salários e benefícios dos juízes ainda não são suficientes.
– Pensamos que é chegada a hora de rediscutirmos a base da magistratura de maneira a colocar os nossos juízes em um patamar profissional e institucional compatível com os inestimáveis serviços que prestam ao país – discursou, no evento de abertura do ano judiciário.
As propostas do presidente do Supremo dão superpoderes aos juízes e concedem inúmeras facilidades à vida dos magistrados e de suas famílias. Filho de juiz, por exemplo, terá uma ajuda extra para estudar, já que o pai receberá auxílio para esse fim.
Se o projeto for aprovado no Congresso, será criado um abismo entre a magistratura e as demais carreiras públicas. E o dinheiro para bancar os benefícios atuais e os pretendidos pelo Judiciário vem de um só lugar: o bolso dos contribuintes.
ALIÁS Um dos benefícios mais discutíveis dos magistrados, as férias de 60 dias por ano, segue intacto no anteprojeto elaborado pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski.
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