Justiça
ESSES JOVENS
MOISÉS MENDES, JORNALISTA - ZERO HORA 13/11/2011O jovem com vontades é uma invenção recente da humanidade. E o jovem capaz de influenciar os outros com suas vontades é uma invenção com pouco mais de 40 anos. Antes do maio de 68 em Paris, eles poderiam ser rebeldes como James Dean e Marlon Brando, mas incapazes de fazer a cabeça alheia. Poderiam ser transviados, mas não tinham uma retórica própria e não configuravam um estágio da vida. Jovens eram um improviso, apenas a transição para a idade adulta, como um alevino ou uma larva. Jovens eram idiotas.
Desde 68, não é mais assim. Foi ali, quando não dava mais para confiar em quem tinha mais de 30 anos, que os jovens se transformaram em protagonistas incômodos. Tudo o que o mundo avançou nas últimas décadas ou quase tudo foi sob os impulsos dos jovens.
Mas como eles andavam reacionários ultimamente! Nada é mais triste do que um jovem reacionário, apegado a pragmatismos, a projetos de velhos e a calças de friso. Como os jovens usaram calças de friso no final do século 20! Como apararam os cabelos como militares, como usaram gravatas aos 18 anos e como fizeram esforço para ganhar vagas de trainee e crescer na área financeira das firmas. Como suaram para ganhar o primeiro milhão na bolsa antes dos 20 anos. Como teve, que eu sei, jovem torcendo contra a aprovação do casamento entre gays. A juventude andava reacionária no mundo todo.
Aos poucos, neste início de século 21, os jovens voltam a ser jovens, inspirados – acreditem – nas rebeliões árabes. Há um andaço de novas vontades acionando a puberdade ocidental. Há jovens invadindo a reitoria da USP. A gurizada chilena enfrenta polícia e cães há meses para mudar a educação. Mas que vontades movem mesmo esses rebeldes? Dia desses, em entrevista à Globo News, Daniel Cohn-Bendit, o Vermelho, líder do maio de 68, repetiu que ninguém sabia direito que vontades os moviam naqueles tempos. Há anarquistas e comunistas (ainda existem comunistas?) entre os invasores da USP, como há reacionários que não têm outro programa e acampam entre os indignados contra a ganância do mercado financeiro. Havia reacionários em 68.
Mas parece que hoje falta algo, e não é o topete do Vermelho. Falta um bom slogan aos indignados do mundo, algo como é proibido proibir. Assim como parece que faltou uma frase forte, que faltou um bom roteiro aos invasores da USP. Se a síntese tuiteira das redes sociais é o que agrega esses jovens, por que agora falta síntese na retórica, a síntese que sobrava nos tempos de eloquência e de exageros dos anos 60? É estranho que ninguém tenha pichado um muro com algo semelhante àquela frase que em 68 deve ter sido borrifada por uma bebedeira: a imaginação toma o poder.
Talvez não entendamos direito os jovens e suas vontades em qualquer época. A juventude continua querendo fumar maconha sem repressão, como os invasores da USP, ou pôr um freio na especulação financeira, como os indignados com Wall Street. Ou só quer diversão e arte?
Mas falta força literária, falta imaginação às transgressões de hoje. Ainda estão nos devendo uma frase, um bordão. Ou quem sabe falte mesmo um bonitão como Cohn-Bendit.
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