DEPREDAÇÃO E AGRESSÕES NÃO VALEM COMO CRÍTICA
Justiça

DEPREDAÇÃO E AGRESSÕES NÃO VALEM COMO CRÍTICA




JORNAL DO COMÉRCIO - 26/02/2014


EDITORIAL



Em alguns casos, as manifestações de rua, como a última em São Paulo, passaram dos limites. Se a polícia militar age, “foi dura e não sabe lidar com os movimentos sociais”. Se não impede a baderna, a destruição do patrimônio público e privado, é criticada. Aliás, há um sentimento velado de animosidade entre os policiais contra a imprensa, a quem julgam que sempre critica a ação nas ruas. Depredações e agressões de lado a lado estão depondo contra imagem do Brasil no exterior. As manifestações são necessárias e válidas, desde que respeitando os direitos dos demais, a integridade física, principalmente dos agentes da lei e profissionais da imprensa no exercício do seu trabalho, e evitando as depredações, algumas visando o furto descarado em bancos e lojas. Pessoas que forçam a entrada em prédios públicos e protagonizam atos de deboche perdem o respeito da sociedade e para aquilo pelo qual protestam.

Em Londres, manifestação em favor das passeatas no Brasil mostrou pessoas caminhando com cartazes, algumas palavras de ordem, mas sem bloquear as ruas. Aí, esses mesmos jovens, a maioria dos quais, quase certamente, conhece muitas capitais europeias, dizem que, lá, temos um “povo civilizado”. Porém, aqui, eles agem civilizadamente? Querem que um policial fardado, cumprindo ordens e apenas evitando a baderna, apanhe na rua sem reagir? Com certeza, os que bradam contra os chamados “excessos” policiais jamais estiveram no meio de uma baderna generalizada nas quais alguns usam paus e pedras para atingir os que apenas estão dando limites físicos para os manifestantes, sem proibir os atos em si. Um cinegrafista foi vítima fatal por estar, ainda que isolado, na trajetória de foguete que o matou, lançado de maneira gratuita e sem qualquer objetivo válido por dois manifestantes, segundo apurado. É isso que queremos aqui em Porto Alegre?

Os moços podem e devem reclamar contra o que julgam errado na vida pública e privada brasileira, gaúcha e porto-alegrense, mas com limites. A força policial também deve ter cuidado ao lidar com a juventude impetuosa.

Todos sabemos o que precisamos melhorar, e muito está sendo feito. Repete-se à exaustão o clamor por mais educação, saúde, segurança e punição aos corruptos em todos os níveis. Porém, não podemos cair na fantasia e na alienação cívica. Nem tudo é colorido demais, nem Porto Alegre, o Rio Grande do Sul e o Brasil têm traços nítidos, como se os personagens existissem como em um conto de fadas, ou numa fábula moral de uma única dimensão, feliz e sem problemas. Para mantermos uma postura de produtividade, organização, progresso e de muita responsabilidade social, não necessitamos de semblantes carrancudos nem de dentes cerrados. A vida é bela, mas tem lá os seus sacrifícios e exigências. Vamos ter organização e compromissos em nível pessoal e familiar - a base de tudo, como sempre -, ter amor ao estudo curricular e ao trabalho, com muitos compromissos coletivos. A vida pode não ser a festa que esperávamos, mas, uma vez que estamos nela, temos que comemorar com responsabilidade. Vamos apreciá-la, mas sempre honestos, sóbrios e responsáveis. Sem agressões e vandalismo praticados por mascarados.



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