ARMAS DE GUERRA: FERRAMENTAS DO TRÁFICO
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ARMAS DE GUERRA: FERRAMENTAS DO TRÁFICO



Armas: ferramentas do tráfico - Pablo Vilarnovo, O Globo, 23/11 às 16h06 Artigo do leitor

Ninguém duvida que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas em áreas críticas no Rio de Janeiro foram uma evolução da estratégia no combate à criminalidade no estado. Negar aos traficantes uma área segura de onde poderiam planejar ataques e arrecadar com o tráfico de drogas é fundamental para melhorar a segurança da cidade.

Porém, as UPPs não farão milagres em curto prazo. Elas são apenas o início de um processo, mais complicado, tanto politicamente quanto economicamente. Todos sabem que o lucro do tráfico de drogas sustenta outro tipo de crime: o tráfico de armas. O poder de fogo presente nas mãos dos traficantes é tão ou mais importante que o tráfico de drogas em si. As armas são as ferramentas de trabalho do tráfico, é de onde o poder vem, é como conseguem dominar áreas inteiras, realizar assaltos, assassinatos e arrastões. Tudo o que estamos vendo em escalada na cidade do Rio de Janeiro.

O Brasil possui uma das legislações mais restritivas quanto ao comércio legal de armas de fogo. Porém uma lei no papel não quer dizer nada às pessoas que não tem respeito pelas leis. O cidadão comum, com o desejo de se proteger ou proteger sua família ou sua propriedade, foi o maior atingido por uma lei que nunca foi eficaz em promover aquilo a que se destina.

O problema real é que nossas fronteiras são desprotegidas de tal forma que o fluxo de armas de grosso calibre, que são proibidas aos cidadãos comuns, inunda o país com tal facilidade que, como demonstrado nas escutas telefônicas realizadas pela polícia, é extremamente fácil comprar uma caixa de granadas ou outro tipo de arma de fogo. A informação que circula no Rio de Janeiro é que os traficantes que foram expulsos das favelas, onde as UPPs foram instaladas, só são aceitos em outras comunidades por seus comparsas caso eles levem consigo um fuzil, o que demonstra claramente a importância dessa ferramenta para o tráfico de drogas.

Esse problema já é bem conhecido das autoridades e foi investigado durante a CPI do Tráfico de Armas. Infelizmente o resultado da CPI, como várias que acontecem no Brasil, foi esquecido e não integrou nenhum planejamento de segurança pública ou foco pelo Governo Federal. A CPI demonstrou claramente o caminho que essas armas fazem até chegar aos traficantes no Rio de Janeiro, qual é sua origem, seus pontos de entrada, os atores que participam desse comércio.

Cabe ao Governo Federal, na figura dos Ministérios da Justiça e do Ministério da Defesa organizar uma política preventiva de controle das fronteiras, disponibilizando recursos, tanto humano, quanto material, para um melhor controle fronteiriço do país. Uma proposta seria transformar a Força Nacional de Segurança em uma polícia de fronteira, atuando nos lugares conhecidos de tráfico de armas, organizando processos de inteligência com a Polícia Federal e inclusive, com as Forças Armadas já que as armas de grosso calibre são de seu uso exclusivo.

Sem que o problema do tráfico de armas seja encarado de maneira séria, como o principal vetor da violência hoje no Brasil e mais especificadamente no Rio de Janeiro, as cenas que, infelizmente, nos acostumamos a ver serão repetidas.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA

Acertou o autor deste artigo ao afirmar que "o problema real é que nossas fronteiras são desprotegidas de tal forma que o fluxo de armas de grosso calibre, que são proibidas aos cidadãos comuns, inunda o país com tal facilidade que, como demonstrado nas escutas telefônicas realizadas pela polícia, é extremamente fácil comprar uma caixa de granadas ou outro tipo de arma de fogo." A Polícia Federal, a PRF e as Forças Armadas não podem e nem está nas atribuições destas forças o patrulhamento diário das fronteiras do Brasil. Estras forças são empregadas nas fronteiras em operações de inopino e emergenciais, cujos resultados são tão superficiais que causam pouco dano no tráfico de armas de guerra, drogas, pessoas e animais. O Brasil precisa criar uma Polícia Nacional de Fronteiras para executar o patulhamento diário, ostensivo, permanente e continuo ao longo das fronteiras com ação de presença preventiva e repressiva. Para tanto, defendo a transformação da PRF em Polícia Nacional de Fronteiras, passando as rodovias para as polícias estaduais, cumprindo assim o princípio federativo da autonomia territorial das unidades federativas. É um força que tem bons salários, estrutura e capacidade de se adpatar à nova missão. As Forças Armadas prestariam todo o apoio necessário em terra, ar e mar, amparada por leis específicas e rigorosas.



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