Justiça
TRÁFICO INTERNACIONAL ABASTECIA COMPLEXO DO ALEMÃO
Relatório oficial. Tráfico internacional de armas abastecia o Complexo do Alemão - O GLOBO, 28/04/2011 às 23h45m; Evandro Éboli BRASÍLIA - Um relatório oficial e detalhado das forças de segurança que atuaram no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro revela que, das 289 armas apreendidas nestas localidades, 172 delas (60% do total) são de uso restrito de militares e policiais. O documento aponta que 222 (77%) são de fabricação estrangeira. A maioria do armamento, 160 unidades (56%), é composta de fuzis ou metralhadoras.
Do total apreendido, 20 armas (7%) pertenciam a forças armadas estrangeiras: 14 da Bolívia, três da Argentina, duas do Paraguai e uma da Venezuela. Outras quatro têm como procedência o Exército brasileiro, quatro são identificadas como pertencentes ao governo do Brasil, duas da PM do Rio e uma da Polícia Civil.
O levantamento contém detalhes do armamento - tipo, modelo, fabricante, calibre, país de origem e número de série -, se é de uso restrito ou não e até o número da etiqueta e do laudo da apreensão. E também o item marca de prova, como o Brasão da República na culatra.
Na lista dos armamentos apreendidos há 121 fuzis, 80 pistolas, 23 submetralhadoras, 21 espingardas, 18 revólveres, 16 metralhadoras. Constam também uma arma artesanal, uma pistola de paint ball, uma quebrada (apenas uma peça) e dois armamentos falsos (réplicas).
O relatório chegou às mãos do deputado Francisco Francischini (PSDB-PR), que é delegado da Polícia Federal e leu trechos do documento na reunião de ontem da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. O parlamentar afirmou que o levantamento comprova a presença do tráfico internacional de armas no Brasil e, para ele, desmente estatísticas e a argumentação de que a campanha do desarmamento resolve o problema da circulação de armas no país:
- A campanha de desarmamento não resolve o problema do tráfico internacional. Não atinge essas armas.
Na lista de países fabricantes, o Brasil aparece como o principal fornecedor do narcotráfico, com 67 unidades apreendidas (23%). Na relação, aparecem outro 18 países: Estados Unidos, com 64 armas (22%); Alemanha, Áustria e Bélgica, com 15 armas cada (5%); República Tcheca, 13 armas (4%) e Israel e Itália, dez armas (3%).
Para Francischini, há duas ações possíveis para o governo apreender o armamento estrangeiro: aumentar o orçamento e ampliar a vigilância nas fronteiras e incluir na campanha do desarmamento gratificação para policiais civis, militares, federais e municipais que recolherem o armamento importado.
- Isso diminui a corrupção e vai estimular o policial. O governo estará pagando por produtividade. Em quatro ou cinco anos, ele consegue dobrar seu salário. Os policiais sabem onde estão essas armas e, quando as apreenderem, com o pagamento, não vão repassar a bandidos - afirmou Francischini, que defende gratificações de R$ 300 a R$ 600.
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