ACABAR COM A CORRUPÇÃO
Justiça

ACABAR COM A CORRUPÇÃO


O próximo passo no combate à violência é acabar com a corrupção - Igor Rios, O GLOBO, 02/12/2010 às 17h58m; Artigo do leitor


Nem o Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio (Bope), nem as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), nem ninguém conseguirá diminuir a violência sem que sua principal fonte seja combatida, a corrupção. Ela é a mãe de quase todos os males, inclusive a violência. Não adianta deixar o peso em cima de policiais honestos que arriscam suas vidas todos os dias em confrontos com bandidos, nem adianta legalizar as drogas de modo a cortar a renda dos traficantes. Milícias, por exemplo, são tão violentas quanto e não vendem drogas. Também não vai adiantar criminalizar o usuário de drogas, como alguns conservadores sugerem, pois a fonte de onde brota todos estes males está na corrupção.

Países como Inglaterra, Suíça e os Estados Unidos têm um forte mercado de venda de drogas. Em muitos desses lugares, há drogas que ainda nem chegaram aqui e que vendem uma quantidade incalculável. Porém, não tem a violência que nós temos. Já outros países, como Somália, República Democrática do Congo e o próprio Haiti, apesar de serem nações com alto grau de violência, não têm um mercado de venda de drogas expressivo. Com isso, podemos ver claramente que a violência está diretamente ligada à corrupção. Combater a violência sem combater a corrupção seria como tomar antibiótico e beber bebida alcoólica, ou como tentar encher uma caixa d'água furada.

Sucessivos governos populistas transformaram o Rio de Janeiro num terreno fértil para a corrupção e, por consequência, a violência. Desde Leonel Brizola, passando por Marcelo Alencar, Garotinho e Rosinha, vemos favelas crescerem e serem dominadas pelo tráfico. Quando achávamos que não havia como piorar, surgiram as milícias, muito mais poderosas e piores que o tráfico, por serem tentáculos corruptos do governo. Usam o treinamento pago pelo Estado contra o próprio Estado. Se beneficiam de informações privilegiadas para se precaverem. Extorquem cidadãos comuns moradores de regiões cujo Estado se faz ausente. Diferentes do tráfico, que vende droga para quem quiser comprar, as milícias obrigam todos a pagarem uma "ajuda" para a segurança e obrigam a todos da comunidade a comprarem seus produtos, como o gatonet, gás, vans, etc. A milícia é a corrupção in natura.

Precisamos de um governo disposto a sacrificar seus aliados políticos corruptos em prol do combate à violência. Precisamos de uma corregedoria de polícia mais ativa, investigando e afastando a banda podre. Precisamos que os cidadãos não ofereçam a famosa "cervejinha" aos policiais por terem cometido alguma infração e arquem com as consequências de terem, por exemplo, estacionado em local proibido, pois a corrupção tem duas vias, uma que paga e outra que recebe. Estancando focos de corrupção, que não são poucos e estão em todos os poderes, a diminuição da violência virá naturalmente. Não é botando a vida de bons policiais em risco, nem comprando novos blindados, que venceremos a guerra contra a corrupção.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA -

O autor é míope? A corrupção não está só na polícia. É bom olhar de forma mais ampla e focar nos Poderes de Estado onde a corrupção campeia livremente e impune. É um dos maiores males do Brasil e não é a toa que nosso país anda muito mal no ranking da probidade. O agente policial é produto do meio e uma pequena ferramenta inicial dentro de um sistema amplo e complexo que deveria preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Mas concordo com a conclusão do autor - "Não é botando a vida de bons policiais em risco, nem comprando novos blindados, que venceremos a guerra contra a corrupção". Venceremos o dia em que o Brasil tiver uma constituição enxuta e respeitada; leis rigorosas para todos; unidades federativas autônomas; justiça ágil, descentralizada, desburocratizada e coativa; tribunais regionais fortalecidos; policiais valorizados; forças policiais no ciclo completo; execução penal digna; defensoria presente; MP vigilante e respeitado; saúde eficaz e educação formadora de cidadãos.



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