Alan RodriguesNo momento em que o País vive uma tensão política, por conta do ano eleitoral, e um Estado, em particular, está às voltas com uma grave crise na área de segurança, as férias de um ilustre representante do Judiciário e outro do Ministério Público acabaram provocando reações. Em meio às monstruosidades perpetradas contra os direitos humanos no presídio de Pedrinhas, no Maranhão, a população se deparou com a falta de sensibilidade da chefe do Ministério Público do Estado, Regina Almeida da Rocha, que, em viagem além-mar, se dedicou a postar fotos pessoais nas redes sociais ao lado da família sem qualquer ruga de preocupação com os acontecimentos que estarreceram sua terra natal. “Depois de visitar todo o norte de Portugal, estou indo amanhã para Sevilha, na Espanha”, escreveu Regina no Facebook, no dia 1º de janeiro. Em uma foto, ela aparece ladeada de sacolas de compras.
FORA DE HORA
Joaquim Barbosa receberá do STF R$ 15 mil para
proferir palestras em Paris e em Londres
É claro que todo trabalhador tem direito a férias, mas esse tipo de comportamento por quem deveria estar à frente dos trabalhos pela paz no Maranhão não é adequado. A atitude inoportuna de Regina despertou a indignação de seus colegas. “O MP deveria ter agido na linha de frente”, lamentou a procuradora Themis de Carvalho.
Numa viagem tão polêmica quanto fora de hora, bem próximo de Regina no continente europeu estava o presidente do STF, Joaquim Barbosa. Na última semana, o jornal “O Estado de S. Paulo” descobriu que sairá dos cofres públicos o pagamento de quase R$ 15 mil para cobrir 11 diárias que o ministro receberá para proferir duas palestras em Paris e em Londres. Oficialmente, Barbosa está sem trabalhar e os dois eventos até o início da semana não constavam da agenda do ministro. Antes de atravessar o oceano, Barbosa deixou pendente a decisão sobre a execução da prisão do deputado João Paulo Cunha (PT), condenado por envolvimento no mensalão. Segundo assessores, ele não teve tempo hábil para assinar o mandado. Barbosa também não viajou sem definir o destino de Roberto Jefferson, delator do esquema. Condenado a sete anos de prisão, ele pediu para cumprir pena domiciliar em função de problemas de saúde. Embora seu pleito tenha sido negado pelo STF em dezembro, Barbosa ainda não teve tempo de decretar sua prisão, tratamento que contrasta com o destinado a outros mensaleiros. Por mais que tenha se empenhado para que o processo do mensalão não se transformasse em pizza, Barbosa deixa margem para críticas ao tomar decisões conflitantes relativas ao mesmo processo.
Fotos: Roberto Castro/Ag. Istoé; MPMA