O Estado de S.Paulo 18 Setembro 2014 | 02h 05
OPINIÃONão se pode dizer que foi uma surpresa a baderna que tomou conta do centro da cidade durante 12 horas, na terça-feira - das 6 horas até o começo da noite -, provocada pela resistência à reintegração de posse, ordenada pela Justiça, do imóvel no antigo Hotel Aquarius, na Avenida São João, esquina com a Avenida Ipiranga, ocupado por 200 famílias de sem-teto ligadas à Frente de Luta por Moradia (FLM). Tais episódios vêm se tornando corriqueiros. Mas esse, além de particularmente violento, apresentou características que mostram para que terreno perigoso essas ações, promovidas pelos ditos movimentos sociais, estão caminhando.
Segundo o comandante do policiamento da capital, coronel Glauco Araújo de Carvalho, a tropa da Polícia Militar (PM) chegou ao local às 6 horas e até as 8 horas tentou convencer os sem-teto a deixarem pacificamente o local. Tanto o que diz é procedente que o tumulto só começou por volta das 8 horas, quando os ocupantes do imóvel começaram a atirar pedras, móveis e até aparelhos eletrodomésticos sobre os policiais, que reagiram com bombas de gás lacrimogêneo. A alegação dos sem-teto para sua resistência à desocupação foi de que a PM não levou ao local os 40 caminhões prometidos para ajudar na mudança. A PM assegura que os caminhões estavam lá, embora uma parte deles, nas imediações, pois não havia como estacionar todos perto do imóvel.
Até aí, esse lamentável afrontamento parecia estar dentro dos limites do que vem ocorrendo nesses casos. A situação degenerou quando entraram em cena outros atores, os mais diversos - integrantes de outros movimentos, estudantes, black blocs, usuários de drogas, ladrões e infratores. Um ajuntamento explosivo que levou a atos de violência que se espalharam pelas imediações, do Viaduto do Chá à Praça da República, e que nada tinham a ver com a desocupação daquele imóvel - depredações e saques de lojas e agências bancárias e incêndio de ônibus. A PM respondeu, além das bombas de gás, com balas de borracha.
A desordem tomou conta da região, levou o comércio a baixar as portas e tumultuou o trânsito numa ampla área da cidade. Uma situação que perdurou até o fim da tarde e começo da noite, com momentos alternados de baderna de maior e menor intensidade. Ao final, 9 pessoas haviam sido presas e 75 levadas a delegacias e soltas pouco depois. Outras 12 ficaram feridas, entre elas 5 PMs, o que torna inconsistente a acusação de excesso repressivo da polícia. O que houve foi uma verdadeira batalha, iniciada pelos sem-teto, da qual a PM, evidentemente, não podia fugir.
Há duas coisas altamente preocupantes nesse episódio. Uma é a reunião de um grupo heterogêneo como esse - de sem-teto a bandidos, passando por black blocs - numa situação como essa, que pode se repetir tanto no centro como em outras regiões onde existem imóveis invadidos. É uma combinação explosiva que, além de contaminar qualquer reivindicação, tem tudo para semear o pânico e o vandalismo na cidade, como já se viu, e cedo ou tarde acabar em tragédia.
Outra é o caráter marcadamente político e partidário que vem adquirindo a ação de grupos como a FLM, que tem notórias ligações com políticos petistas, como os deputados Adriano Diogo (estadual) e Renato Simões (federal). Ficar repetindo, como eles fazem, que os imóveis ocupados não cumprem função social só serve para incentivar novas ocupações e tentar atribuir a culpa pelo problema habitacional ao governador do Estado, que é do PSDB e comanda a PM. Ora, ele não tem nada a ver com a reintegração de posse. Ela é uma ordem judicial que o governador - seja Geraldo Alckmin ou qualquer outro - é obrigado a cumprir, acionando a PM. E, diante da resistência dos ocupantes, só resta à PM retirá-los do local pela força. Não há outra saída para esse tipo de situação.
Se os petistas ligados aos sem-teto quisessem mesmo resolver o seu problema, poderiam começar pressionando o prefeito Fernando Haddad, que é seu correligionário, a investir mais em programas habitacionais. Deixar Haddad de lado e insinuar que a culpa é de Alckmin não é sério.
loading...
BEATRIZ FAGUNDES, O SUL Porto Alegre, Quinta-feira, 26 de Janeiro de 2012. A região foi cercada por 2 mil soldados que compuseram a tropa de choque. Logo cedo, o comando da operação utilizou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra...
O confronto de sempre - O Estado de S.Paulo - 18/01/2012 O descumprimento de decisões judiciais por parte de movimentos sociais - especialmente na execução de ações de reintegração de posse - tornou-se uma rotina nos anos eleitorais. Para acuar...
O ESTADO DE S.PAULO 08 de setembro de 2013 | 12h 13 ANTONIO PITA - Agência Estado Os estragos causados pela onda de protestos do Sete de Setembro ainda estavam visíveis nesta manhã de domingo, 8, pelo Rio. As manifestações, que se estenderam...
Convocados por redes sociais como ‘a maior manifestação da história’, protestos têm mobilização menor que as registradas em junho, mas se espalham pelas grandes cidades do País 07 de setembro de 2013 | 21h 04 O Estado de S. Paulo O Dia da...
REVISTA VEJA 07/09/2013 - 19:43 Sete de Setembro Mais uma vez, a cena se repetiu nas principais capitais do país: o protesto como desculpa para um pequeno grupo de arruaceiros realizar o quebra-quebra Rio de Janeiro - Polícia usa veículo para impedir...