Joaquim Barbosa participa de sua última sessão no Supremo - Ailton de Freitas / O Globo
BRASÍLIA — Dois ministros do STF comentaram na manhã desta terça-feira a aposentadoria precoce do presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, que se despede hoje do Supremo. Antes da sessão, que está se realizando neste momento, o ministro Luís Roberto Barroso, relator dos agravos do mensalão e que tem tomado decisões opostas às de Barbosa, afirmou que o presidente, por sua atuação quando relator da ação que levou petistas e correligionários à cadeia, se tornou um símbolo contra o status quo.
— O ministro Joaquim Barbosa se tornou um bom símbolo contra o status quo, contra a impunidade. O Brasil estava precisando de bons símbolos — disse Barroso.
Para Barroso, Barbosa "quebrou o padrão seletivo da Justiça brasileira".
Gilmar Mendes também elogiou o papel de Joaquim Barbosa no processo e disse que o mensalão gerou um período muito agitado no STF.
— Foi um período muito agitado no tribunal em função desse julgamento. Foi um julgamento muito difícil, muito tumultuado. Por causa dessa confusão, dessa pressão externa, tentativas para não ouvir, embargos infringentes...Tivemos dois colegas (Ayres Britto e Cezar Peluso) que foram tirados do julgamento. Tudo contribuiu para certa agitação, assim como o temperamento do ministro Joaquim Barbosa — disse Mendes.
Apesar de abandonar repentinamente a presidência do STF, sem fazer um balanço de sua gestão ou aguardar as palavras de algum colega, o ministro Luiz Fux, no final da sessão, comentou a atuação de Joaquim Barbosa no tribunal.
— O ministro Joaquim Barbosa fez muito pela magistratura, guardando três características muito importantes que se exige: a nobreza de caráter, sua elevação moral e sua independência olímpica. Quero deixar consignado isso não apenas como ministro que fui presidido por ele como alguém que tem um apreço pessoal por ele - disse Fux.