Justiça
RIO EM CHAMAS
A tática para frear o tráfico - Zero Hora, 25/11/2010
A estratégia da Polícia Militar de sufocar a ação dos criminosos com cercos a morros e a favelas já resultou na prisão de mais de 150 suspeitos e na morte de 22 pessoas desde domingo. Ontem à tarde, após um helicóptero da Rede Globo registrar imagens de traficantes atirando com fuzis contra policiais na Vila Cruzeiro, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) iniciou uma incursão na área que pode antecipar a instalação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na favela dominada pelo Comando Vermelho (CV).
– Eles têm munição limitada. Ficaremos (no entorno de favelas) quanto tempo for preciso – afirmou o coordenador de comunicação da corporação, coronel Henrique Lima de Castro, antes de saber do resultado da ação do Bope.
A contra-ofensiva de ontem resultou na morte de 14 pessoas durante confrontos entre traficantes e policiais. O intenso tiroteio na Vila Cruzeiro, na Penha, na zona norte do Rio, deixou um saldo de civis mortos sem nenhuma relação com o confronto – quatro pessoas morreram e 11 ficaram feridas. Entre os mortos, estavam um idoso, uma adolescente e uma mulher.
A incursão policial começou pela manhã com cem homens de seis batalhões na Vila Cruzeiro e nos morros da Fé, do Sereno, Caixa D’água e Chatuba, que integram o Complexo da Penha. Muitos tiros depois, três feridos sem gravidade foram atendidos no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Entre eles, o empresário Álvaro Lopes, 81 anos, baleado no braço direito.
Folgas de PMs estão suspensasApesar da tomada de parte da Vila Cruzeiro, incursões para ocupação das favelas que compõem o Complexo do Alemão – QG do CV – e de morros onde se refugiam líderes da facção Amigos dos Amigos (ADA) não estão previstas a curto prazo. A tática cautelosa pretende evitar tiroteios dentro das vilas que resultem em morte de mais inocentes.
– Temos uma política de ocupação gradual, mas a instalação de uma UPP também depende de oportunidade – ponderou Lima de Castro, se referido à possibilidade de ocupar espaço com o conflito dentro da Cruzeiro.
O comandante-geral da Polícia Militar, Mário Sérgio Duarte, cassou as folgas dos PMs durante a crise. Cerca de 17,5 mil policiais estão de prontidão em toda a Região Metropolitana. Apesar disso, está descartado o envio de PMs do interior para a capital fluminense.
O governador do Rio, Sérgio Cabral, afirmou que os ataques são “desespero de marginais’’. Ele disse que a pacificação das favelas vai continuar. O governo atribui a onda de ataques a uma reação de facções criminosas à implantação das UPPs, que estaria causando prejuízos aos traficantes ao ocupar espaços nas comunidades.
– Não vão nos inibir. Semana que vem vamos dar posse à UPP do Morro dos Macacos (zona norte).
Segundo Cabral, até 2014 todas as favelas estarão pacificadas.A pedido feito pelo secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, na terça-feira, o Tribunal de Justiça do Rio autorizou a transferência de oito presos do Rio de Janeiro para a Penitenciária Federal de Catanduvas (PR). Além disso, quem for preso durante a ofensiva contra o tráfico será levado para presídios de segurança máxima.
O BALANÇO DO FRONT: O que aconteceu de domingo até o início da noite de ontem:
TOTAL DE MORTOS - 22 pessoas
AÇÃO DOS BANDIDOS - Duas cabinas da PM metralhadas; 29 veículos incendiados; Quatro suspeitas de bomba na zona sul (Copacabana e Ipanema)
AÇÃO DA POLÍCIA - 20 favelas tomadas ou cercadas. 10 mil policiais envolvidos na ação. 153 criminosos presos
O QUE SERÁ FEITO - Manutenção dos cercos montados no entorno de favelas. Possibilidade de incursões policiais em áreas como o Complexo de Alemão, considerado QG do Comando Vermelho. Possibilidade de a Vila Cruzeiro, ocupada ontem pelo Bope, receber uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
O QUE FOI OFERECIDO - Envio de tropas da Força Nacional – governo do Rio recusou a oferta, ao menos, por enquanto. Envio de agentes da Polícia Federal para trabalho de inteligência – Estado recusou ajuda ontem.
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Há suspeitas de que eles estariam por trás da onda de crimes dos últimos dias no Rio. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) autorizou hoje a transferência de oito presos do Estado para a penitenciária federal de Catanduvas, no Paraná, atendendo a pedido feito pelo secretário Estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, ontem.
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