Apesar da nossa Constituição pregar a harmonia e a igualdade entre os Poderes de Estado, para que possa haver governo de Estado, o que se vê são o fomento de privilégios, desigualdades e ganâncias tributária e orçamentária destruindo pilares, leis e princípios democráticos.
O Direito Administrativo Brasileiro prevê que os Poderes , apesar de independentes, não são separados ou divididos do Estado. Os Poderes são imanentes e estruturais do Estado e o poder estatal é uno e indivisível. As funções precípuas de cada poder devem interagir e se complementar. Um poder limita o outro. Há a necessidade de um equilíbrio entre os Poderes com “freios e contrapesos”.
O princípio da igualdade já, a muito tempo, foi esquecido nas relações entre os Poderes e a harmonia, mesmo prevista em lei, vem sendo desrespeitada e asfixiada por privilégios e ideologias. Começam nas diferenças salariais e passam pelas questões corporativistas e partidárias.
Infelizmente, é tanta a distorção que o povo não mais confiança a autoridade e nem respeita mais as leis. As funções precípuas de cada poder, ao invés de interagirem, se distanciam e trocam de responsável num jogo de empurra sem soluções. O Executivo mais legisla do que faz a conversão da lei em ato individual e concreto que é de sua competência; O Legislativo, ao invés de elaborar as leis, promove debates partidários, estimula aumento de privilégios, desconfianças e desordens, criando um emaranhado jurídico obscuro e vulnerável; e o Judiciário, que deveria se limitar à aplicação coativa a lei aos litigantes, diverge entre si, questiona as leis, é moroso e burocrático, com índole tolerante e idéias terapêuticas.
Reza o Direito que “o Governo é a resultante da interação dos três Poderes de estado – Legislativo, Executivo e Judiciário – como a Administração o é de todos os órgãos desses Poderes” ( Meirelles). Entretanto, se não houver tal interação, o povo fica sem governo, sem lei, sem justiça, ordem ou liberdade.
Assim, ficamos todos assistindo nossos governantes se degladiarem, inertes e amordaçados, deixando de lado as preocupações maiores nas áreas da segurança, da saúde, da educação e de outras necessidades e direitos.
É o Brasil.