Justiça
PACIFICAÇÃO - EXÉRCITO FECHARA ACESSOS AOS COMPLEXOS DO ALEMÃO E PENHA
Dois mil militares fecharão 58 acessos aos complexos do Alemão e da Penha. Os homens da força atuarão nas favelas do mesmo jeito que fazem no Haiti - Reportagem de Adriana Cruz e Maria Inês Magalhães - O Dia, 03/12/2010
Rio - Militares do Exército atuarão no Complexo do Alemão, na Zona Norte, nos moldes das forças de paz do Haiti. Ontem, em visita ao Rio, o comandante do Exército, general Enzo Peri, confirmou a permanência dos soldados no Alemão e anunciou a participação da força na segunda etapa da ocupação. Lá, farão buscas por armas, drogas e bandidos, inclusive revistando até casas.
O efetivo será de dois mil homens para fechar 58 acessos aos complexos do Alemão e da Penha, patrulhamento nas ruas com o apoio de três batalhões de campanha, com pelo menos 300 homens, como O DIA antecipou com exclusividade terça-feira. Atualmente, há 800 militares do Exército no Alemão.
“Estamos preparados para atuar. Nesse segundo momento, vamos entrar nas favelas e fazer trabalho de vasculhamento. É a primeira vez que agimos nesse tipo de ação”, afirmou o general, que visitou postos de ocupação na Rua Canitar, no Alemão. O detalhamento da ação do Exército no complexo será decidido em reunião amanhã, quando o ministro da Defesa, Nelson Jobim, estiver no Rio para formatura na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende.
Segundo o general, em 15 dias, o planejamento deve estar pronto. O comandante do Comando Militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, disse que tem cerca de 10 mil homens preparados. “Se houver a necessidade de ocupar outras comunidades, estamos prontos”, garantiu.
Parte do esquema de patrulhamento no complexo já foi mudado por ordem da cúpula da Polícia Militar. Na noite de quarta-feira ficou decidido a retirada da maior parte dos 1.100 homens das 16 unidades da PM.
A ordem é ficar apenas 180 homens dos batalhões de Operações Especiais (Bope); Florestal e Choque e do 16º BPM (Olaria), além dos 800 militares. A redução do efetivo faz parte da estratégia da PM para controlar os abusos cometidos por policiais, denunciados pelos moradores.
Com isso, quanto o menor o número de PMs, maior o controle. A polícia não quer perder o apoio conquistado da comunidade local. Por isso, ação da Corregedoria da corporação será cada vez mais intensa. Já a Marinha encerrou sua participação. Os blindados emprestados voltaram ontem para os quartéis.
Combate teve início em 2006
A atuação das tropas do Exército Brasileiro no Haiti será usada como exemplo para a pacificação do Alemão. À frente da missão das Nações Unidas para estabilização da região desde 2006, militares brasileiros lutam no combate às quadrilhas das favelas na capital Porto Príncipe.
O sucesso da operação na ilha, no entanto, não está ligado apenas ao patrulhamento. Contribuiu para a melhoria da segurança a realização de trabalhos que vão desde a retirada de lixo das ruas até obras de infraestrutura e sociais.
Ocupação fez incidência de crimes nos bairros cair. Em nove dias de operação, índices caíram 70% nos arredores do Alemão e PenhaRio - Os efeitos da ocupação dos complexos da Penha e do Alemão já começam a ser percebidos por quem mora também nos bairros próximos. Desde que começou a ocupação dos complexos da Penha e do Alemão, os índices de criminalidade na região caíram 70%, em comparação com o mesmo período do ano passado. “De 100 registros diários na Penha, Ramos, Inhaúma, Bonsucesso e Olaria passamos a ter uma média de 30”, afirmou o delegado Ronaldo Oliveira, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE).
Segunda e terça-feira foram seis registros na 22ª DP (Penha), contra 38 nos mesmos dias da semana passada passada. Já na 21ª DP (Bonsucesso), a queda foi de 50 para 12 ocorrências. Os roubos de carros e assaltos a pedestres e em coletivos foram os que mais caíram, principalmente nas áreas das delegacias da Penha, Bonsucesso e Ilha do Governador (37ª DP).
Segundo o delegado Márcio Mendonça, titular da Divisão de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), apesar de ainda ser uma estimativa, a redução mais significativa até agora foi no número de roubos de veículos. A expectativa é que este ano feche com 20 mil carros roubados no estado, que possui frota de 5 milhões. Ano passado foram 24 mil carros roubados.
“Se fecharmos em 20 mil, batemos o recorde de 1992, quando tivemos 23 mil automóveis roubados. No entanto, na época, a forta era de apenas 1 milhão”, disse.
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