MINISTRO CRITICA AÇÃO CONTRA ROLEZINHOS
Justiça

MINISTRO CRITICA AÇÃO CONTRA ROLEZINHOS


ZERO HORA 17 de janeiro de 2014 | N° 17676

REAÇÃO. Ministro critica ação contra os rolezinhos

Gilberto Carvalho diz que repressão policial poderá “acabar colocando gasolina no fogo”



No dia em que dois shoppings de São Paulo fecharam as portas para evitar “rolezão”, o principal interlocutor do governo com movimentos sociais, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou a repressão policial nos casos. Ele afirmou que a ação pode “acabar colocando gasolina no fogo.”

Durante encontro de jovens agricultores em Recife, Carvalho disse que as concentrações de jovens em centros comerciais demonstram a necessidade de lazer e diversão dos moradores de áreas periféricas:

– Trata-se de mais um desses passos que a sociedade vai dando.

O ministro disse que a repressão policial pode ter efeito contrário, aumentando a adesão e o caráter violento das concentrações.

– Não dá para embarcar nessa história de repressão. Temos de fazer uma aproximação progressiva e com humildade para tentar entendê-los e procurar manter um diálogo para que os jovens conquistem aquilo que desejam. Se é o lazer o que eles mais desejam, o encontro, vamos trabalhar para que tenham esses espaços. Se é direito à igualdade de ir e vir, eles têm esse direito – afirmou.

A proliferação dos rolezinhos em São Paulo pôs em evidência jovens, entre 15 e 20 anos, moradores da periferia paulistana.

O protesto de ontem, chamado de “rolezão popular”, foi convocado por movimentos sociais. O Shopping Campo Limpo conseguiu liminar na Justiça e fechou as portas. Na mesma região, o Jardim Sul também impediu a entrada dos manifestantes.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MSTS) se concentraram em duas estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e seguiram em caminhada até os estabelecimentos. O grupo protestou contra as liminares concedidas pela Justiça que impediram, no fim de semana, a realização dos “rolezinhos”.


O QUE É

- O “rolezinho” ganhou visibilidade em São Paulo no final do ano passado e logo motivou convocações semelhantes em capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza. A Abrasce (associação que reúne 264 shoppings no país) não descarta entrar na Justiça com ação para impedir que jovens frequentem os estabelecimentos em grupo, criando “pânico” e “desconforto” para demais clientes.

- Além dos shopping centers, o movimento também está sendo realizado em parques. Os eventos são marcados para os finais de semana.

- Um dos rolezinhos marcados para um parque de São Paulo já tem mais de 1,8 mil pessoas confirmadas. Outro “rolê”, agendado para o aniversário da cidade, em 25 de janeiro, já contava, até ontem, com 1.050 confirmações.

- Na internet, o fato de os shopping centers entrarem na Justiça acabou fomentando as discussões nas redes sociais.

- No Facebook, há pelo menos 13 rolês marcados até o início de fevereiro em estabelecimentos e parques de São Paulo e da região metropolitana. Também foram agendados eventos que ironizam a situação, como os “rolês” da classe média às favelas.



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