POR EVANDRO ÉBOLI E EDUARDO BRESCIANI
O GLOBO 01/07/2014Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello entram no plenário do Supremo - André Coelho / O Globo
BRASÍLIA - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a gestão de Joaquim Barbosa na presidência do tribunal e afirmou que é preciso resgatar a liturgia do cargo. Para o ministro, o padrão ficou “arranhado” com a gestão de Barbosa, que participou nesta terça-feira da última sessão na Corte antes de se aposentar.
- O resgate da liturgia precisa ser observada. As instituições crescem quando nós proclamamos valores, quando nós observamos a necessidade de manter o alto nível. Precisamos voltar ao padrão anterior, que não é só da Fifa, mas que deve ser também o das instituições brasileiras. E esse padrão ficou arranhado na última gestão - disse Marco Aurélio.
Perguntado que balanço fazia da gestão, disse:
- O grande público acompanhou os trabalhos do tribunal e não preciso dar resposta a esse questionamento.
Para Marco Aurélio, Barbosa deveria ter mais apego ao cargo e ao trabalho no STF.
- Ele poderia realmente demonstrar um apego maior ao ofício judicantis, dedicando mais tempo ao tribunal e completando o biênio. Houve uma quebra da ordem natural das coisas. Não me lembro de outro presidente ter renunciado à própria presidência - disse Marco Aurélio.
- Reconheço que ele passa para a história como o relator da ação penal 470 (mensalão). Mas a ação penal não foi julgada apenas pelo ministro Joaquim Barbosa.
Minutos antes, ainda durante a sessão, e após Joaquim Barbosa deixar o plenário da Corte sem se despedir dos demais Marco Aurélio Mello afirmou a Ricardo Lewandowski que caberá a ele “resgatar os valores” do cargo máximo de chefia do Judiciário.
- Vossa excelência vai assumir a presidência do poder judiciário. Estamos numa quadra em que precisamos resgatar os valores quanto a essa mesma chefia”, afirmou Marco Aurélio.
BARBOSA EVITA COMENTARJoaquim Barbosa fez uma visita rápida na tarde de hoje ao vice presidente da República, Michel Temer, mas evitou comentar as críticas feitas por Marco Aurélio.
Barbosa disse que a conversa com o vice-presidente foi agradável, mas não encaminhou a Temer o seu pedido de aposentadoria.
- Aposentadoria de ministro de Supremo não se faz assim – disse Barbosa, após o encontro que durou dez minutos.