Juiz manda soltar investigado na Operação Miqueias. Doleiro é suspeito de envolvimento em esquema de desvio de recursos de fundos de pensão
07 de outubro de 2013 | 18h 25
Mariângela Gallucci - Agência Estado
Brasília - O juiz Evandro Neiva de Amorim, do Distrito Federal, determinou a soltura do doleiro Fayed Treboulsi, preso por suspeita de envolvimento com um esquema de desvio de recursos de fundos de pensão. A decisão é sigilosa.
A revogação da prisão decorre do fato de o inquérito ter sido transferido para o Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de participação de autoridades no esquema. No Brasil, investigações contra autoridades como parlamentares devem tramitar perante o STF. Essa prerrogativa é conhecida como foro privilegiado.
Fayed Treboulsi foi preso por suspeita de envolvimento com um esquema de desvio de recursos de fundos de pensão. Esse esquema foi levado a público dentro da "Operação Miqueias", deflagrada em 19 de setembro pela Polícia Federal.
Essa ação desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 300 milhões num período de um ano e meio e causou prejuízos de R$ 50 milhões a fundos de pensão municipais. O esquema atingiu vários Estados, mas era comandado a partir de Brasília.
Doleiro acusado de comandar esquema tratava deputado como 'chefe'
Conversa foi gravada pela Operação Miquéias, da Polícia Federal, que investiga direcionamento de recursos de fundos de pensão estadual e municipal para investimentos desvantajosos
03 de outubro de 2013 | 19h 26
Andreza Matais e Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo
Brasília - Apontado pela Polícia Federal como líder de um esquema criminoso, o doleiro Fayed Treboulsi trata o deputado federal Waldir Maranhão (PP-MA) como "chefe" em conversa telefônica interceptada pela Operação Miqueias. A operação investiga direcionamento de recursos de fundos de pensão estadual e municipal para investimentos desvantajosos.
No diálogo, gravado em 21 de novembro de 2012, o deputado orienta Fayed, a quem chama de "meu irmão", a procurar o prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal, também do PP, para que tenham um "conversa social". "Deixa eu lhe dizer, amanhã quem vai estar aqui é o Bernal lá de Campo Grande. Já teve com ele, né?..Se você tiver um tempinho, à noite, eu acho que vale a pena convidá-lo para ter uma conversa social, tá?...Eu vou te passar logo o telefone dele porque um convite seu é diferente, viu?" Por meio da assessoria, o prefeito afirmou que não conhece Fayed.
Ao final da conversa, o deputado avisa a Fayed que "Marabá está fechado". Fayed responde: "Beleza, o meu pessoal está lá." O deputado encerra a ligação: "Tá fechado lá. Agora só as providências." No diálogo, a PF trata o deputado por HNI (Homem Não Identificado). A assessoria do deputado confirmou, no entanto, que celular registrado na conversa é de Waldir Maranhão. Procurado, o deputado não ligou de volta para o Estado. Na quarta-feira, 2, a Justiça encaminhou o inquérito para o Supremo Tribunal Federal (STF) devido a suposta participação de deputados.
Maranhão. Relatório de inteligência da PF, ao qual o Estado teve acesso, revela, ainda, que a quadrilha atuava no Maranhão. Manoel Felipe do Rego Brandão, ex-servidor do Ministério da Fazenda, "teria oferecido facilidades de acesso ao instituto de previdência do Município de São Luís" segundo a PF. Brandão "atua como lobista, intermediando contatos entre os membros da organização criminosa e políticos".
A operação apurou irregularidades nos regimes próprios de Previdência Social das seguintes prefeituras: Manaus/AM, Ponta Porã/MS, Murtinho/MS, Queimados/RJ, Formosa/GO, Caldas Novas/GO, Cristalina/GO, Águas Lindas/GO, Itaberaí/GO, Pires do Rio/GO, Montividiu/GO, Jaru/RO, Barreirinhas/MA, Bom Jesus da Selva/MA, Santa Luzia/MA.
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