CORREIO DO POVO 06/03/2015 20:30
Grupo pede por intervenção militar no Centro de Porto Alegre. Cerca de 30 pessoas exigiam a dissolução de “congresso corrompido” e expulsão dos “políticos comprometidos com a roubalheira” Manifestação pediu intervenção militar no governo federal | Foto: Carmelito Bifano / Especial CP
Correio do Povo
Cerca de 30 pessoas participaram na tarde desta sexta-feira na Rua dos Andradas de uma manifestação pró-intervenção militar na política do Brasil. Se dizendo cansados dos escândalos de corrupção no país, a falta de segurança e o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF) ser composto 80% por indicados pelo PT, o grupo quer que os militares utilizem o artigo 142 da Constituição para evitar o que garantem ser o avanço do comunismo e os desmandos na política nacional.
Carregando faixas como “Chega de violência, criminalidade, corrupção e impunidade” e “Plena democracia só com a força do Povo, Forças Armadas Já!”, os participantes distribuíram panfletos alertando a população para a “criação de um bloco comunista” através do Foro de São Paulo – organização formada por partidos e organizações não governamentais de esquerda da América Latina e do Caribe.
Entre as ideias, o panfleto dos manifestantes defende a sobreposição temporária do Superior Tribunal Militar sobre o STF, formação de uma junta provisória e expulsão de “políticos comprometidos com a roubalheira”, além da redução de ministérios dos atuais 39 a seis, a realização de eleições gerais com candidatos ficha-limpa “sem urnas eletrônicas fraudáveis”, criação de mecanismos constitucionais que mantenham a independência dos poderes, mantendo direitos civis, “punição dos corruptos e repatriamento do dinheiro público em paraísos fiscais e gestão pública com modelos de países desenvolvidos e democráticos”.
Em meio à passeata, discussõesO grupo se concentrou na esquina Democrática, no cruzamento da Rua da Praia com a Borges de Medeiros, e depois caminhou até a frente do quartel-general do Comando Militar do Sul, que também fica na Rua dos Andradas. Porém não há expediente no local na sexta-feira à tarde.
No retorno a esquina Democrática, a presença deles gerou revolta em alguns cidadãos que passavam pelo Centro. Pelo menos uma discussão acalorada ocorreu (assista ao vídeo no fim do texto), na qual ambos os lados chamavam-se de “fascista”. O grupo promete nova manifestação para o dia 28 de março.
“Estamos acabados eticamente e moralmente”, diz manifestante
“Tentar acabar com a corrupção, roubalheira, com a criminalidade. Tentar abrir a cabeça do povo para as coisas que estão acontecendo em relação a implantação comunista que está acontecendo no Brasil. A gente tem conversado com o pessoal nas ruas e eles não entendem o movimento. Eles entendem que estamos querendo uma ditadura militar, não é isso. A gente quer intervenção militar porque queremos respeito, dignidade, recuperar aquilo que nos foi tirado. A capacidade de erguer a cabeça e dizer que é brasileiro”, afirmou o engenheiro de software, Gustavo Braga, de 42 anos, que participava do movimento.
“Tem gente fechando lojas e indo embora porque, como nós, acredita que a coisa vai piorar. A questão do impeachment e da renúncia que não vão ajudar na questão de melhorar a situação do Brasil em relação a situação à ética, moralidade e dignidade”, acrescentou ele, que defende a intervenção militar. “A gente quer a Marinha, o Exército e a Aeronáutico intervenham em nosso favor e nosso benefício acabando com os vagabundos. Saiu alguns nomes na lista do Petrolão, mas não todos. Se saíssem todos e para sair tem que tirar a política da jogada. Tem que fechar o congresso por um tempo. Tem que deixar a Polícia Federal investigar, punir quem tem que punir e, a partir daí, começar a refazer o país, pois estamos acabados. Eticamente e moralmente”, concluiu Braga.
Artigo da Constituição não prevê “intervenção”O artigo 142 da Constituição dispõe “Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas” e diz: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Não há, no entanto, alguma menção à “intervenção militar” ao longo de seu texto.
Março de manifestaçõesEm meio ao clima de tensão política, o mês de março deverá ser marcado por manifestações. No próximo dia 13, ocorrerá em todo o país uma manifestação organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE), Movimento dos Sem-Terra (MST) e outras organizações sociais com o objetivo “de defender a democracia, as conquistas sociais, a Petrobras e dos direitos dos trabalhadores”.
Para dois dias depois estão marcados os protestos organizado pelo grupo Movimento Brasil Livre, também em escala nacional. O grupo pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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