FURTO DE MUNIÇÃO PARA ARMAMENTO PESADO
Justiça

FURTO DE MUNIÇÃO PARA ARMAMENTO PESADO


Grosso calibre. Duas mil balas somem de batalhão do Exército; inquérito foi aberto - O GLOBO, 29/06/2011 às 23h50m - Ronaldo Braga

RIO - Pelo menos dois mil projéteis de armamento de grosso calibre desapareceram no último dia 22, véspera do feriado de Corpus Christi, do Batalhão Escola de Comunicações, na Avenida Duque de Caxias, na Vila Militar. Alguns soldados da unidade estão, desde a semana passada, aquartelados por causa do furto do material. O setor de Comunicação Social do Exército confirmou na quarta-feira o desvio.

O Exército, entretanto, não informou que tipo de munição foi desviada do batalhão. Segundo a corporação, a falta do material foi notada na última segunda-feira. O fato está sendo apurado por inquérito policial-militar (IPM), instaurado pelo comando do Exército.

O Batalhão Escola de Comunicações é o responsável por realizar a segurança da área de sua jurisdição e instalar, explorar e manter o sistema de comunicações do Comando Militar do Leste, da 1ª Divisão de Exército, do Grupamento de Unidades Escola e da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada.

O Rio tem histórico de roubo de armas e munições de quartéis. Em 3 de março de 2006, dez fuzis e uma pistola foram roubados da Central de Transportes (ECT) do Exército, em São Cristóvão. Os armamentos foram recuperados 11 dias depois, em um matagal da Favela da Rocinha, em São Conrado. A ação mobilizou 300 homens. Na época foram feitas diversas operações em morros da cidade.

Um ano depois do roubo, o juiz Marco Aurélio Petra de Mello, da 4ª Auditoria da Justiça Militar, condenou a nove anos de prisão os ex-militares Joelson Basílio da Silva e Carlos Leandro de Souza, ambos de 22 anos. Além deles, Alex Souza Marinho, que está foragido, também foi condenado, a uma pena de oito anos de prisão. Quatro militares, que estavam de plantão na unidade no momento da ação, foram inocentados. O Ministério Público Militar recorreu da decisão.

Em dezembro de 2007, o Centro de Inteligência do Exército (CIE) investigou a suposta relação entre o assassinato do soldado José Gerôncio da Silva, de 21 anos, em Engenheiro Pedreira, distrito de Japeri, na Baixada Fluminense, com o desvio de nove mil balas 7,62, para fuzil automático leve (FAL), do Depósito Central de Munições (DCmun), em Paracambi. Dois soldados foram presos por suspeita de envolvimento no furto da munição.

Bandidos invadiram quartel em Deodoro ano passado

No dia 12 de dezembro do ano passado, dois bandidos armados balearam o soldado do Exército David Soares de Almeida, 19 anos, que estava de serviço numa guarita do 26º Batalhão Paraquedista na Vila Militar, em Deodoro. O militar percebeu a entrada dos criminosos na área externa do quartel e tentou rendê-los. Armado de pistola, um dos criminosos exigiu que o sentinela lhe entregasse seu fuzil calibre 7,62. David reagiu e houve confronto. Alguns tiros pegaram na proteção do abrigo. Outros tiros ou estilhaços atingiram David, que foi socorrido e levado para o Hospital Central do Exército (HCE), em Benfica.

Furto de munição. Pais denunciam situação precária de oficiais na Vila Militar - 30/06/2011 às 23h41m - Ronaldo Braga

RIO - Familiares de cerca de 650 soldados e oficiais detidos no Batalhão Escola de Comunicações, na Vila Militar, em Deodoro, foram para a porta da unidade, onde, na semana passada, foi constatado um furto de munição para armamento pesado, totalizando 2.525 cartuchos - de pistolas 9mm a fuzis 762 . Eles disseram que pretendem procurar o Comando Militar do Leste porque alguns militares informaram, por celular, que têm se alimentado mal e que a situação é precária nos alojamentos.

Segundo a mãe de um soldado, que não quis se identificar, o prazo de prisão de 72h expirou, mas a ordem seria manter todos presos.

Um soldado aquartelado contou que não está numa cela, mas não pode deixar o local.

- Estamos presos porque não podemos sair do quartel. Nosso direito de ir e vir está sendo violado. Segundo o comando, a liberação só acontecerá quando o problema for solucionado - contou o militar.

Há apenas dois fogões para fazer a comida de todos

Com um filho lotado no batalhão, Maria da Conceição Ribeiro, de 58 anos, que mora em Bangu, na Zona Oeste, afirmou que está revoltada, assim como outros pais de militares detidos pela forma com que o caso está sendo tratado:

- Não é prendendo todo mundo que eles vão esclarecer o furto. Pretendemos procurar o Comando Militar do Leste para tomar conhecimento de como estão nossos filhos. Eles estão detidos desde a semana passada.

Sem entrar em detalhes sobre o desaparecimento da munição, a Seção de Comunicação Social do Exército confirmou, na quarta-feira, o desvio, que teria ocorrido no último dia 27. O problema foi constatado durante uma conferência diária de armamento e munição. Ainda segundo a órgão, o fato está sendo apurado por meio de Inquérito Policial Militar (IPM), instaurado pelo comando daquela unidade militar. Os familiares dos presos, no entanto, informaram que o roubo foi no feriado de Corpus Christi, no dia 23.

Ainda de acordo com militares que estão na unidade, o rancho do quartel está em obras e a comida, que antes era feita em cinco fogões, agora está sendo preparada em apenas dois, o que compromete a qualidade da alimentação.

- A refeição sempre atrasa, embora a equipe do rancho esteja se esforçando. Os alojamentos de cabos e soldados têm camas, mas elas são insuficientes para todos - disse um deles, acrescentando que muitos militares estão dormindo no chão ou em colchões levados por familiares. - Uns estão dormindo em sofás ou dentro de seus automóveis. Outros estão dormindo nas mesas ou no próprio chão da seção onde trabalham.

O site do Exército informa que, entre as atribuições do Batalhão Escola de Comunicações, estão a realização da segurança na área de sua jurisdição e também a instalação, exploração e manutenção do sistema de comunicações do Comando Militar do Leste, da 1 Divisão de Exército, do Grupamento de Unidades Escola e da 9 Brigada de Infantaria Motorizada.



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