Justiça
FACÇÃO ABRIGA TRAFICANTES FUGITIVOS DA ROCINHA
Facção protege traficantes fugidos da Rocinha, no Rio. Favelas dominadas pela Amigos dos Amigos são o refúgio; 925 denúncias apontam paradeiro - 18 de novembro de 2011 | 23h 48 - Pedro Dantas - O Estado de S.Paulo
RIO - Traficantes da favela da Rocinha, em São Conrado, na zona sul do Rio, escolheram as favelas dominadas pela facção Amigos dos Amigos (ADA) como refúgio, de acordo com informações de agentes da Inteligência da Polícia Civil. O Disque-Denúncia já acumula 925 ligações sobre o paradeiro dos procurados pela Justiça.
Segundo essas denúncias, Danúbia Rangel, mulher de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe da Rocinha preso na semana passada, estaria escondida em um prédio com vários seguranças no Morro do Urubu, em Pilares, zona norte. Não há mandado de prisão, mas ela deve ser chamada para prestar esclarecimentos na Polícia Federal no inquérito que apura lavagem de dinheiro do tráfico. Ontem, até as 17h, o serviço de denúncia anônima recebeu 47 informações sobre os criminosos. Estima-se que 200 homens faziam parte do tráfico na Rocinha.
Moradores do Morro do Urubu estão preocupados com a movimentação intensa de homens armados desconhecidos. No dia 15, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realizou uma operação na favela, mas ninguém foi encontrado.
O primeiro lugar que a quadrilha procurou abrigo foi na favela de Vila Vintém, em Padre Miguel, na zona oeste da cidade. No dia 11, uma operação da polícia prendeu no local o segurança de Nem, Jurandir Silva dos Santos, o Jura ou Pará, de 38 anos, com mais seis fugitivos da Rocinha.
O Complexo da Pedreira, composto pelas favelas da Pedreira, Lagartixa e Quitanda, em Costa Barros, na zona norte do Rio, foi apontado pela Polícia Civil como um dos mais prováveis refúgios para traficantes da Rocinha. Até a noite de ontem, porém, nenhuma operação havia sido feita na área para localizar os criminosos. Rastros dos traficantes foram encontrados até fora da região metropolitana. Ontem, a PM apreendeu um fuzil com a inscrição da facção ADA na Favela da Linha, em São Gonçalo.
Entre os foragidos da Rocinha, os traficantes do Morro do São Carlos, na zona norte, são os que mais preocupam as autoridades, por causa do perfil violento. Marcílio Cherú de Oliveira, o Menor Cherú, e Luiz Ricardo Votorino da Silva, o Menor do Grotão, atuavam no Morro do São Carlos até a ocupação da favela pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), em maio. Depois, foram para a Rocinha. Eles respondem por homicídio qualificado e, segundo o Ministério Público, são responsáveis por execuções.
Acusados pela polícia por participação no homicídio da modelo Luana Rodrigues e da amiga dela, Andressa de Oliveira, Thiago de Souza Cherú, o Dorei, e Rodrigo Belo Ferreira, o Rodrigão, são os únicos foragidos da Rocinha que respondem pelo assassinato. Pelo mesmo crime, são acusados Nem, Ronaldo Patrício da Silva, o Ronaldinho, e Anderson Rosa Mendonça, o Coelho.
Nem é transferido para presídio federal em Campo Grande (MS). Aeronave da Polícia Federal levará Nem, Coelho e Carré para a capital sul-mato-grossense. 19 de novembro de 2011 | 7h 39 - Ricardo Valota - Central de Notícias
O traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi transferido na manhã deste sábado, 19, para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O ex-chefe do tráfico de drogas na Rocinha e outros três criminosos deixaram Bangu 1, na zona oeste do Rio, às seis horas.
O comboio formado por 11 carros da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária e escoltado por 40 inspetores penitenciários levou 45 minutos entre o presídio e o Aeroporto Santos Dumont. Os carros entraram pelo setor de cargas e seguiram direto para a pista. O voo partiu às 8h25.
Além de Nem, estavam a bordo os traficantes Valquir Garcia dos Santos, o Carré, e Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, e o ex-PM Flávio Melo dos Santos, que fazia a escolta dos dois, quando todos foram presos por agentes federais no último dia 10. No mesmo dia, Nem foi preso por PMs, escondido no porta-malas de um carro.
A transferência de Nem e dos outros criminosos foi autorizada pela Justiça Federal, a pedido o Tribunal de Justiça do Rio.
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