EMPRESAS FANTASMAS ENVOLVIDAS NA LAVAGEM DE DINHEIRO DO TRÁFICO DO ALEMÃO
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EMPRESAS FANTASMAS ENVOLVIDAS NA LAVAGEM DE DINHEIRO DO TRÁFICO DO ALEMÃO



Polícia desarticula esquema de lavagem de dinheiro de traficantes do Alemão. Eles faziam depósitos para empresas fantasmas. Montante chega a R$ 80 milhões - Athos Moura E Taís Mendes - 7/12/11 - 17h33


RIO – Seis pessoas foram presas pela Polícia Civil, nesta quarta-feira, durante a operação Conta Encerrada. Os agentes estiveram nas ruas para cumprir mandados de busca e apreensão com o objetivo de desarticular um esquema de lavagem de dinheiro de uma das quadrilhas do tráfico de drogas do Complexo do Alemão, comanda por Marcelo da Silva Soares, o Macarrão, que durante a fuga da comunidade, em novembro do ano passado, acabou deixando para trás a prótese de uma de suas pernas. Em agosto deste ano, Macarrão foi preso com outros quatro traficantes nas instalações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Zona Norte do Rio. Todos os envolvidos vão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

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De acordo com a polícia, as investigações começaram após policiais apreenderem comprovantes bancários e anotações do tráfico em Maricá, município cuja venda de drogas era controlada por Marco Aurélio da Silva Soares, o Cocadinha, irmão de Macarrão. As investigações apontaram que moradores do Complexo faziam depósitos fracionados e sucessivos, com valores não compatíveis com suas rendas, em contas correntes de empresas fantasmas de Belo Horizonte, em Minas Gerais, que seriam do ramo mercantil. Em dez dias, uma das empresas que integra o esquema recebeu depósitos, que totalizaram R$ 390 mil, todos realizados em agências situadas no Largo da Penha e Ramos, na Zona Norte do Rio. Em dez meses, foram movimentados cerca de R$ 80 milhões em apenas quatro empresas. Num único dia, em 4 de janeiro de 2011, foram movimentados R$ 16 milhões numa única conta.

- O diferencial dessa operação é que estamos conseguindo estagnar os depósitos. Isso é prejudicial para eles, que agora não têm como lavar o dinheiro, pois o gestor do processo foi preso - disse o subchefe operacional da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso.

Ao todo foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão no Complexo do Alemão, Olaria, Anchieta e Cordovil. Entre os seis mandados expedidos, havia um contra Macarrão e outro contra o irmão dele, que já estão presos. Os outros procurados eram os responsáveis financeiros das empresas. Durante a operação foram capturados, em Belo Horizonte, os donos de quatro empresas que lavavam dinheiro do tráfico. Segundo a polícia, entre eles está Heitor Fernando Carneiro da Silva, apontado como o cabeça da organização. Também há os nomes de David Walisson da Silva e Ricardo Henrique Miranda Moreira. Este último é sócio de duas empresas que recebiam depósitos do tráfico do Complexo do Alemão.

Os mandados de busca e apreensão no Rio foram cumpridos em residências de pessoas que recebiam do tráfico para fazer depósitos em diferentes contas correntes. Chamados pela polícia de "agentes depositantes", eles estão sendo investigados e poderão ser indiciados no processo.

A 2ª Vara Criminal de Maricá decretou o sequestro dos saldos e também bloqueou R$ 5 milhões e as contas correntes que faziam parte do esquema de lavagem de dinheiro. As investigações foram realizadas pelo Núcleo de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (NUCC-LD), em parceria com a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), e com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). A ação contou com cerca de 140 agentes.

No dia 1º deste mês, foi realizada a operação Scriptus, que resultou na prisão de 16 pessoas acusadas de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro articulado pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que está preso há dez anos em penitenciárias federais de segurança máxima. O Núcleo de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro, da Polícia Civil, identificou cinco empresas usadas para lavar os lucros obtidos por Beira-Mar com a venda de drogas e armas. Juntas, as firmas — com sedes em Foz do Iguaçu (PR), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS) — movimentaram R$ 62 milhões em 2010.

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