Do paradoxo à solução
Justiça

Do paradoxo à solução


 
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O ano de 2015 foi paradoxal. Em escala nacional, grandes homens e mulheres coadjuvantes, e intolerantes propagadores do retrocesso como protagonistas. Incautos pedindo a volta de ditadores e torturadores impunes. Incrivelmente, em pleno séc. XXI, alguns se auto intitulando melhores seres humanos que outros. Principalmente mulheres e homossexuais. Para nós, o paradoxo é comparativamente mais simples: a maior greve, com o menor ganho. Os melhores grevistas, com o pior sindicato. As maiores perdas salariais para trabalhadores, com os maiores ganhos, benefícios e indenizações para poucos.


  As inúmeras explicações desses paradoxos, podem ser explicados, em parte, pela reputação e pela propaganda. Ao sistematizar o método propagandista, Bernays criava, no início do século XX, nos EUA, um meio eficaz para manipular massas. Aprofundado por Goebbels, na Alemanha nazista, a manipulação alcançou níveis nunca antes vistos. E com os piores resultados para a humanidade. De lá pra cá, os métodos de ambos foram internalizados por grandes corporações e organizações, mesmo sob o frequente alerta de Chomsky com seu o discurso da mídia e o consenso fabricado. Assim, está-se diante do mal-entendido da [nossa] democracia, como afirmava Sérgio Buarque de Holanda. O crescente déficit democrático entre a opinião publicada, e a real opinião pública.

  As referências não são casuais, mas reflexivas no nosso pequeno espelho com que espiamos o mundo e, principalmente, a nossa realidade nas organizações públicas brasileiras. Pouquíssimos espaços de nosso cotidiano são democráticos. Quer seja no judiciário, ou mesmo em âmbito sindical. Não há espaço para críticas, tampouco transparência suficiente.

  Estranhamente, tudo se combina a portas fechadas. Inclusive um plano de cargos, que não é do sindicato, mas dos trabalhadores. Portanto, não nos enganemos, além do déficit democrático que nos retira a voz, somos objeto e partícipes (involuntários) do consenso fabricado. Uma vez mais, o paradoxo. Afinal, as organizações públicas, inclusive sindicais, devem ter como regra a publicidade e a transparência, não o sigiloso e o secreto.

  Lembremos, no entanto, que nós mesmos seguramos o espelho da realidade que vemos. Podemos apontá-lo para refletir o passado, o presente ou o futuro. Sejamos inteligentes aprendendo com nossos erros, mas também eficientes para fugir do reducionismo de apenas apontar erros. O nosso movimento e a nossa luta coletiva demonstrou que somos mais perspicazes. Apontemos nossa sagacidade e energia para o futuro, encontrando alternativas e, principalmente, soluções em 2016. Somente assim, de fato, todos ganharão em todos os níveis, inclusive a sociedade para quem servimos.

Guilherme Lima - TJSC



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