Diário de Greve: dia 1
Justiça

Diário de Greve: dia 1


Foto que roubei do Fabinho (valeu chefe)
        Este não é um diário real. É apenas uma obra de ficção misturada com muita realidade. Busca demonstrar o que vivenciamos, o que percebemos e como nos comportamos. Enquanto diário, visa guardar um relato histórico/romanceado daquilo que aconteceu.

        Vamos começar falando sobre o que sobrou hoje. Sobrou euforia, sobrou alegria, sobrou empolgação, sobrou surpresa, sobrou um ombro amigo, sobrou um abraço apertado, sobrou indignação, sobrou ameaças, sobrou um tanto de coisa que ficaria impossível, neste espaço, apresentar as considerações sobre cada uma destas coisas. Assim, vamos falar apenas das boas.

        Recebi um telefonema de um colega do TJSC lá pelas 9 horas da manhã. Ele falou: “rapaz, o pessoal que faz horário especial como é que faz agora?” E informava que dois colegas chegaram pela manhã no TJ e disseram que, não havendo nenhuma mobilização não sabiam o que fazer. Passei então a informação que o SINJUSC já deveria estar aberto, e que deveriam então ir para lá para pegar material, organizar as coisas e preparar tudo para o início do expediente externo, ao meio-dia.

        Em seguida vários colegas de todos os lados do estado começaram a ligar para informar como estavam acontecendo as coisas. Muitas notícias motivantes. Muita informação nova, dando conta que o movimento pela greve cresceu. Mesmo nas comarcas que no dia 31 apresentaram preocupação, na assembleia, a notícia era de que o movimento que não prometia surpreendeu positivamente. Fiquei muito empolgado em chegar a tarde no TJ.

        Como um colega já estava desde de manhã na Torre I e no Fórum Central voltei minha atenção para a Unidade Presidente Coutinho, a UPC aqui no centro de Floripa. Outra grande surpresa positiva. Uns 50 colegas já estavam ali embaixo paralisados, mas aguardando o que fazer, sem muita orientação e sem material, mas com um ótimo espírito para avançar na mobilização.

        Deliberamos por fazer um "arrastão" no prédio, convocar os colegas de todos os setores e fazer uma caminhada pelo centro da cidade até a frente do Tribunal de Justiça, pois lá combinamos junto com os demais colegas de fazer uma assembleia da região de Florianópolis. A caminhada demorou uns vinte minutos mas foi muito divertido poder conversar com os colegas animados para encontrar com amigos de outros setores.

        Também do fórum regional do Estreito (em Florianópolis) um grupo de colegas deliberou por participar da assembleia, assim como os colegas do Fórum Desembargador Eduardo Luz, do Tribunal de Justiça e do Fórum Central. Os colegas de Palhoça deliberaram por lá permanecer nesta data, mas amanhã iremos nos ver com certeza.

        Uma chegada emocionante. Muitos aplausos de ambos os lados, muita alegria nas faces dos colegas, muitos abraços de surpresa. De encher os olhos realmente. E sem microfone ou material o pessoal ali se manifestou e com as propostas colhidas entre os colegas deliberou-se por um ato político. Decidiu-se por fechar a rua em frente ao Tribunal de Justiça. Éramos umas 200 pessoas ou mais. O objetivo era chamar a atenção já que o TJ proibia o som, os cartazes e tudo mais. Sem direito a voz ou manifestação decidimos por agir em tempo curto, mas com grande repercussão.

        As falas foram empolgantes. Um “telefone sem fio” foi feito (quem sabe o que é isto deve estar dando risada agora), e desta forma começamos a nossa manifestação ali. Todos sentados na rua em frente ao Tribunal de Justiça. Eram passados informes, eram apresentados resultados parciais de adesão à greve, o grau de mobilização, o que fazer ainda naquela tarde e no dia seguinte. Ao final chegou o som mecânico, trazido pela ASFOC (parabéns para essa Associação, parabéns ao seu Presidente) e que permitiu que o nosso ato tivesse um pouco mais de estrutura.

        Ao final a presença do nosso presidente encerrou a atividade na rua. Mas mantivemos ainda acesa a nossa vontade de mudar o mundo. De resistir ao abuso do Tribunal de Justiça. De defender o auxílio-alimentação dos aposentados. De promover a justiça para os trabalhadores. De não desistir, pois desistir é perder e o nosso foco é aumentar a greve. É não deixar “a peteca cair”. E todos gritaram ao final “AMANHÃ VAI SER MAIOR”.

        Que venha um grande amanhã.



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