Justiça
DEMORA DA JUSTIÇA REVOLTA FAMÍLIA DA VÍTIMA
Demora irrita família de jovem morta. Juiz determinou captura de acusados de matar Franciele na Capital, mas mandados de prisão levam quase um mês para sair - RENATO GAVA, ZERO HORA 05/05/2011
A lentidão para tentar solucionar o assassinato de Franciele Ferreira Crapanzani, 24 anos, revolta a família. Três acusados pelo crime tiveram a prisão preventiva decretada pela 1ª Vara do Júri do Foro Central no mês passado, mas até ontem não havia sido feita diligência para capturar os suspeitos. A recepcionista foi encontrada morta em um terreno baldio do bairro Tristeza, na Capital, em agosto de 2009, depois de sair para uma aula de autoescola.
– Os criminosos continuam morando no mesmo lugar, e podem estar cometendo os mesmos crimes. Se me autorizarem, eu mesmo vou lá, prendo eles e levo na delegacia. É revoltante – protesta o tio de Franciele, João Ferreira, 55 anos.
A pedido do Ministério Público, o juiz Cleber Augusto Tonial decretou a prisão para os réus em 8 de abril, segundo a página na Internet do Tribunal de Justiça. Até ontem à tarde, os nomes deles não apareciam no sistema computadorizado que aponta os procurados pela Justiça por conta da burocracia, segundo a justificativa oficial (veja quadro ao lado).
– Não temos notícia de nenhum mandado – afirmou ontem o chefe de investigações da 2ª Delegacia de Homicídios e Desaparecidos da Polícia Civil, Walter Boehl.
Desde 29 de abril, porém, a DP tem conhecimento informal do decreto de prisão preventiva. Nessa data, o Diário Gaúcho entrou em contato com o delegado Arthur Raldi. Ele disse que não sabia da notícia, mas pediu para que a reportagem encaminhasse por e-mail o conteúdo das informações divulgadas pelo Tribunal de Justiça. Desde então, o jornal tenta contato com o delegado, por telefone e na delegacia, mas não conseguiu localizá-lo. Não há registro de que a Polícia Civil tenha se movimentado para apressar a emissão dos mandados.
Responsável pelo pedido de prisão para os três réus, a promotora Lúcia Callegari informou, por meio da assessoria de seu gabinete, que aguarda a citação dos réus e a apresentação da defesa. Os nomes dos acusados são mantidos em sigilo para não dificultar a captura deles.
Contraponto - O que diz a Justiça - A reportagem tentou, durante três dias, falar com o juiz Cleber Augusto Tonial, mas, conforme a assessoria do Tribunal de Justiça, ele estava ocupado.
A BUROCRACIAPor que demorou quase um mês para os mandados saírem, segundo o Tribunal de Justiça:
04/04 - O inquérito é apresentado ao juiz Cleber Tonial.
08/04 - O juiz decreta a prisão preventiva e aceita a denúncia – desde então, os acusados passaram a ser réus.
13/04 - O despacho chega no cartório do Foro, que tem de rubricar todas as mais de 700 páginas, arquivar as escutas telefônicas e realizar outros serviços.
20/04 - Processo vai para o setor de distribuição, encarregado de repassá-lo à Polícia Civil (que o coloca no sistema informatizado). Aí houve um problema: o nome dos réus não estava cadastrado no processo. Para fazer o serviço, o setor demorou 15 dias.
ONTEM - O material é reentregue ao cartório, que então tem condições
O CRIME- Por volta das 7h30min de 8 de agosto de 2009, Franciele sai de casa, no bairro Cavalhada, para ir até uma autoescola a cerca de um quilômetro. No início da tarde, a família saiu à sua procura e, na praça Francisco Perasi, a 500 metros da
residência, encontraram roupas íntimas da mulher. A polícia foi avisada.
- No dia 11 de agosto, o corpo de Franciele é encontrado por moradores em um matagal a cerca de dois quilômetros dali, no limite entre os bairros Cavalhada e Vila Nova. A
perícia confirmou que ela foi vítima de violência sexual e morta com um tiro no lado esquerdo da cabeça.
- O caso causou comoção e levou moradores da Zona Sul, amigos e familiares de Franciele a fazer manifestações pedindo celeridade.
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