CAÇADA POLICIAL - No esgoto, entre ratos e baratas
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CAÇADA POLICIAL - No esgoto, entre ratos e baratas




CAÇADA POLICIAL - No esgoto, entre ratos e baratas - HUMBERTO TREZZI | ENVIADO ESPECIAL/RIO. Zero Hora, 30/11/2010

Oito suspeitos foram surpreendidos pela polícia em fuga pela tubulação pluvial
Nesta estranha condição, no esgoto, estavam oito suspeitos de pertencer ao Comando Vermelho (CV), facção criminosa que dominava as 16 favelas do Complexo do Alemão, quando foram presos na noite de domingo. O local, na Zona Norte carioca, foi alvo da maior operação policial da história.

Os jovens foram surpreendidos por policiais civis da 14ª Delegacia de Polícia (Leblon) durante a fuga ao cerco de 2,7 mil policiais civis, federais, militares, fuzileiros navais e soldados do Exército. O delegado Fernando Veloso garante: as redes cloacais e pluvias construídas com dinheiro do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) são as principais rotas de fuga.

– Após a informação de um morador, prendemos oito criminosos em uma tubulação de esgoto – disse o delegado, sem dar detalhes.

O policial investiga a informação de que os criminosos teriam obrigado operários a serviço das empreiteiras do PAC a cavarem buracos de acesso aos túneis do esgoto pluvial.

No dia de ontem, além de percorrer por 12 horas todo o labirinto de ruelas das 16 favelas, os policiais realizaram busca em cada casa da qual recebiam informes. Zero Hora presenciou a ajuda discreta de parte da população.

Um vidraceiro piscou com o olho para seis policiais do 17º Batalhão da PM (Ilha do Governador) na favela da Grota. Os PMs se dirigiram para baixo de uma escada, o homem foi atrás e lhes indicou um bar. Acharam máquinas caça-níqueis e trouxinhas de cocaína. Ninguém estava lá para ser preso.

– Tem de ouvir queixa, ter paciência. No meio de um monte de reclamações, alguém passa informação importante – relata o sargento Artur Bezerra, do 17º BPM, um dos autores da prisão de Eliseu Felício de Souza, o Zeu, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes.

O bandido, um dos líderes no Complexo do Alemão, estava embaixo da cama de uma casa.

A poucos metros dali, numa clareira, três jovens que passavam olhando nervosos foram detidos por policiais civis da Delegacia do Consumidor (sim, até ela está no cerco). Bingo, comemorou um dos agentes, ao consultar por telefone o banco de dados. Um dos rapazes, com 20 anos, está com prisão decretada por assalto. Os outros dois ficaram detidos para averiguações e possível reconhecimento por parte de moradores.

Na entrada do Morro do Adeus, um homem foi preso quando tentava ingressar na favela. Carregava uma mochila com oito identidades diferentes, uma faca de caça e cocaína. Os militares acreditam que ele tentava entregar as identidades para que parceiros pudessem escapar das barreiras com nomes falsos. Na vila Nova Brasília, um adolescente foi pego carregando uma Bíblia. No meio dela, mais de R$ 5 mil.

Até o final da tarde, a PM e a Polícia Civil contabilizavam seis caminhões com presos suspeitos e dois camburões com sacos de cocaína e armamentos, apreendidos apenas ontem. Em dois dias, foram confiscados 40 toneladas de maconha, 200 quilos de cocaína, 120 armas e centenas de veículos, entre eles a caminhonete usada na fuga da Vila Cruzeiro.

COMO AGE A POLÍCIA

- A polícia não pode ingressar em uma residência sem autorização judicial ou sem permissão do dono, salvo em flagrante delito. Na operação de domingo, a polícia contava com ordens de busca e apreensão expedidas pela Justiça para vistoria em endereços das 16 favelas do Complexo do Alemão. A autorização é expedida a pessoas com nomes completos ou apelidos.

- As ordens de busca não são necessárias para estabelecimentos públicos, como bares. Todos os bares foram revistados pelos policiais, sem necessidade de autorização dos donos. Também não há necessidade de autorização se houver indício de drogas e suspeitos em residências.

- A maioria dos moradores das favelas é humilde e atende ao pedido do policial para abrir a porta e conferir documentos. Os policiais checam se as pessoas são da mesma família, têm o mesmo sobrenome e se algum ocupante estranho não é, talvez, um foragido da Justiça.

ESTÁ HAVENDO RECLAMAÇÃO?

Sem mandados de busca para as 30 mil residências do conjunto de favelas, a polícia garantiu que só procuraria armas, drogas e criminosos em locais onde sua entrada fosse autorizada, mas parte da população reclamou da invasão indiscriminada. Moradores se queixaram que foram agredidos e de que dinheiro foi suprimido de sua casa por policiais.



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