Justiça
A REDE - PAI PM E FILHO INSPETOR DA PC ERAM CHEFES DE MILÍCIA
A REDE - pai PM e filho inspetor eram chefes de milícia - 12/02/2011 às 00h24m; O Globo
RIO - Armas e munições apreendidas pela quadrilha comandada pelo ex-subchefe Operacional da Polícia Civil, delegado Carlos de Oliveira , abasteciam diretamente a milícia controlada pelo grupo na Favela Roquete Pinto, em Ramos. As investigações da PF revelaram que há pelo menos um ano parte das armas desviadas nas ações em comunidades dominadas pelo tráfico passou a ser usada para fortalecer o grupo paralimitar.
Segundo as investigações, Oliveira dividia o comando do bando com o PM da reserva Ricardo Afonso Fernandes, o Afonsinho, e seu filho, o inspetor Christiano Gaspar Fernandes. Apesar de estar na reserva da PM, o sargento Afonsinho era visto com frequência em delegacias especializadas como a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), que já teve como titular o delgado Carlos de Oliveira. Filho de Afonsinho, o inspetor Christiano estava lotado na 22 DP (Penha), onde atuava como chefe do setor de investigações da delegada Márcia Beck.
Desova de corpos na Baía de Guanabara
Em tese, Christiano deveria investigar os crimes praticados pela milícia que comandava, juntamente com o pai e o Dr. Oliveira - como o delegado era tratado nas conversas telefônicas pelos integrantes da milícia. As investigações da PF revelam que os paramilitares reagiam com extrema violência contra moradores e comerciantes que se negavam a pagar as taxas de "segurança", além do ágio na compra de botijões de gás e exploração de gatonet. As vítimas do bando eram mortas e enterradas nos arredores do Piscinão de Ramos ou jogadas na Baía de Guanabara, após terem os corpos presos a armações de concreto. Ontem, agentes federais realizaram buscas com auxílio de barcos e de uma retroescavadeira para tentar encontrar corpos.
A quadrilha liderada pelo Dr. Oliveira, Afonsinho e Christiano também atuava na apropriação e desvio de bens de criminosos foragidos, mortos ou presos em combate, na prática, conhecida como "espólio de guerra". Depoimentos ouvidos no curso da investigação detalham, por exemplo, a apropriação e o desvio de armas apreendidas em operações policiais.
Na primeira ocasião, numa operação realizada no Morro do Urubu em 2005, foram desviadas uma submetralhadora Uzi, um fuzil AR-15 e mais três pistolas .45, da marca Rugger. Na ocasião, Oliveira teria ficado com a submetralhadora, dizendo que a arma seria usada na sua segurança pessoal. Já o fuzil e as pistolas ficaram com a equipe do sargento Afonsinho.
Outro caso relatado aconteceu em março de 2008, numa operação realizada no Complexo de São Carlos, no Estácio, quando foram desviados quatro fuzis, 15 pistolas e 40 mil munições de diferentes calibres.
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