A QUESTÃO DO JUDICIÁRIO
Justiça

A QUESTÃO DO JUDICIÁRIO


Dom Dadeus Grings. A Voz do Pastor, JORNAL DO COMÉRCIO, 01/12/2011


S. Paulo garante que tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus (Rom 8,28). É o que leva a perceber os sinais dos tempos e interpretá-los à luz dos desígnios divinos. Só assim é possível apurar o que trazem de bem e o que, na verdade, por eles Deus quer mostrar. Neste sentido tudo o que acontece deve ser visto numa dimensão da fé.

Por isso interroguei-me seriamente sobre o que Deus queria de mim com o processo que me foi movido em Mogi Guaçu, SP, por ter defendido o bem comum do município diante de uma indenização milionária, totalmente arbitrária. Percebi então um desígnio divino especial, por se terem passado 16 anos para ao julgamento final, quando há 11 anos não estava mais na Diocese de S. João da Boa Vista, ocupando agora nova cátedra. Além disso, neste mesmo ano, completei 75 anos de idade, data em que se entrega o cargo ao Papa. Por estas circunstâncias parece-me claro o que Deus quer de mim. Agarrou-me, como outrora o profeta Jonas, para anunciar intrepidamente algo muito grave no Judiciário brasileiro.

Através de uma denúncia geral se visa à revisão dos procedimentos da Justiça, com forte repercussão na opinião pública, verdadeira e suprema juíza das questões públicas num regime democrático. Não estou interferindo, mas advertindo. Não se trata de discutir algum caso particular ou denunciar atitudes isoladas. A questão é estrutural. Por isso proponho-me, agora, lançar nova cartilha sobre o Judiciário. Não o faço, porém, como reflexão pessoal. Além dos copiosos dados da imprensa, abro o espaço para contribuições dos cidadãos, em três etapas, com artigos semanais no site da Arquidiocese de Porto Alegre: www.arquidiocesepoa.org.br. Sirvo-me do método já consagrado do ver-julgar e agir.

Não se trata, evidentemente, de atacar pessoas ou instituições, mas de lançar um olhar objetivo sobre a situação. Na primeira etapa – do ver – levantam-se alguns problemas do Judiciário brasileiro, em evidência na opinião pública. Todos são convidados a dar sua contribuição. Neste primeiro passo só levantaremos os dados, sem discutir as razões. É o que requer o método objetivo e científico.

Numa segunda etapa – do julgar – escolheremos, primeiramente, o ponto do observador, a partir da consecução do bem comum. Perceberemos a diferença entre a realidade do Judiciário e o ideal que se preconiza. Em outras palavras, após constatarmos como age o Judiciário, veremos como deveria agir, ou seja, após vermos onde estamos perguntamos por onde deveríamos estar.

Vem então a terceira etapa – a do agir. Constitui a exigência de uma reforma do Judiciário. Pergunta-se sobre o que fazer para adequar a praxe do Judiciário às exigências do bem comum: da Justiça, da verdade e da convivência entre os cidadãos.

Quem se dispuser a colaborar – nos passos do ver, do julgar ou do agir - desta cartilha, pode enviar suas sugestões para [email protected]

Assim responderemos à nota da Ajuris, com balizas seguras para o ver como age, para o julgar como deveria agir e para o agir na promoção de uma reforma que esteja de acordo com as necessidades de nosso tempo. Todos queremos um “Judiciário laico, imparcial e independente”. Ninguém, por sua religião ou cargo pode, porém, ser impedido de dar sua contribuição para um melhor desempenho. Criticar os desmandos a partir da cidadania não é certamente obra de inquisição medieval. Muito pelo contrário! É combater a corrupção no País.

Fica o desafio: ou o Brasil reforma o Judiciário ou o Judiciário acaba com o Brasil!

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Eu colocaria a importância do papel de um padre católico italiano que iniciou uma mobilização dos fiéis de sua paróquia contra a máfia e esta se transformou numa imensa onda popular que tirou da inércia o Governo e passou esta energia para juizes, promotores e policiais reagirem contra o poder criminoso que agira nos bastidores corrompendo, coagindo, executando, dominando e amedrontando a sociedade. No caso do Judiciário, é preciso aproximar a justiça dos delitos, da sociedade, dos presídios e das questões de ordem pública. Para tanto é necessário reformar o sistema judiciário, a postura dos juízes, a estrutura centralizada do judiciário, a burocracia, os inúmeros recursos, o transitado em julgado no STF, as decisões pessoais e corporativas, o envolvimento na corrupção, entre outras. O Poder Judiciário é o poder mais importante na consolidação da democracia e da justiça. Sem Justiça, o poder político se torna autoritário, ganancioso, corporativo, bandido e truculento. CONTEM COMIGO!



loading...

- CondenaÇÃo De Agente De TrÂnsito Levanta QuestÕes Sobre Direitos E Deveres Dos Magistrados
JORNAL DO COMÉRCIO 18/11/2014 Advogado fala sobre o porquê de a imagem dos juízes ser atrelada, em alguns casos, a Deus Wagner Miranda de Figueiredo A condenação de uma ex-agente de trânsito por afirmar que “juiz não é Deus” vem sendo...

- O EscÂndalo Do JudiciÁrio
 Dom Dadeus Grings - A Voz do Pastor JORNAL DO COMÉRCIO, 10/05/2012   A problemática dos crucifixos leva-nos a parafrasear o que S. Paulo diz na sua Primeira carta aos Coríntios...

- Ajuris Reage Ao Ataque Do Arcebispo
POLÊMICA NA MATRIZ. A reação da Ajuris. ZERO HORA 01/11/2011 Nota oficial emitida pela Ajuris A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul – Ajuris vem a público manifestar toda a indignação da Magistratura gaúcha em face das declarações...

- Os JuÍzes E O Bispo
WANDERLEY SOARES, REDE PAMPA, O SUL Porto Alegre, Terça-feira, 01 de Novembro de 2011. Dom Dadeus tem complexo de Antônio Vieira Condenado a pagar R$ 940 mil por danos morais a uma família do interior de São Paulo, o arcebispo de Porto Alegre, dom...

- ApÓs CondenaÇÃo, Arcebispo Acusa JudiciÁrio De CorrupÇÃo
Arcebispo questionou quando começará uma faxina no Judiciário - Léo Gerchmann, ZERO HORA ONLINE, 31/10/2011; 19h55min Indignado com uma condenação do Tribunal de Justiça de São Paulo, o arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, acusou o...



Justiça








.