A HISTÓRIA DO AK-47, A ARMA PREFERIDA DO TRÁFICO
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A HISTÓRIA DO AK-47, A ARMA PREFERIDA DO TRÁFICO



A biografia de uma arma. Jornalista americano conta a história do AK-47, o fuzil preferido de Bin Laden e de traficantes e rebeldes de todo o planeta. Eliane Lobato - REVISTA ISTO É, N° Edição: 2153. 13.Fev.2011

Ela nasceu em 1947, mas ninguém diz que é uma sessentona. Pequena, quase delicada, considerada bonita e dona de uma anatomia soberba e sedutora, ao longo das décadas ela mudou pouco e segue fazendo basicamente o mesmo de sempre: matar. É considerada a arma mais devastadora do planeta e tem sua história contada agora no livro “AK-47 – A Arma que Transformou a Guerra”, escrita pelo americano Larry Kahaner. Biografias de modelos vintage de carros, como a Ferrari e o Porsche, ou de guitarras cobiçadas, a exemplo da Fender Stratocaster e da Les Paul, já existem há tempo. Mas a de um fuzil é algo raro e se justifica pela importância que o AK-47 adquiriu na sucessão de conflitos bélicos em que foi protagonista.

Essa arma tem sido responsável por mais de 250 mil mortes por ano em todo o mundo e, de sua invenção até agora, já alcançou cerca de 100 milhões de undades. O nome deriva de “Automática Kalashnikov”, referência ao pai da criatura, o russo Mikhail Timofeevich Kalashnikov – um jovem soldado que, ferido por nazistas, esboçou o AK-47 no leito de um hospital. Sua obsessão, durante a convalescença, era criar um fuzil que ajudasse o então Exército soviético a derrotar os alemães rapidamente. Era preciso que ele fosse fácil de manusear e carregar, além de resistente e com alto poder de fogo. O sr. K alcançou todos os objetivos.

A Kalashnikov é uma arma pequena e simples que tem um pente de balas na forma de banana, capaz de disparar 600 tiros por minuto. Sobre sua resistência, soldados americanos que estiveram no Vietnã disseram: “AKs enterradas em áreas de cultivo de arroz por muitos meses, ao serem desenterradas imundas e enferrujadas, disparavam perfeitamente, bastando dar um tranco no ferrolho de ação com o calcanhar da bota.” Não só Exércitos a adotaram: ela também é a preferida de traficantes e terroristas. Em quase todas as fotos conhecidas de Osama Bin Laden, um AK o acompanha. Segundo o autor do livro, ele e seu grupo, a Al-Qaeda, “consideram essa arma a mais importante dos terroristas.”

Um dos motivos seria o fato de ser leve e, portanto, possível de ser usado por crianças ou pré-adolescentes aliciados por rebeldes no Congo, Mianmar, Sri Lanka e Afeganistão, para citar apenas alguns poucos palcos de batalhas sangrentas. Os Exércitos rebeldes descobriram logo sua praticidade e que era preciso menos de uma hora de treinamento para sua boa manipulação, o que o tornava perfeitamente adequado para braços e corpos pequenos – as crianças-soldados, mão de obra barata para matar e morrer. O livro cita o caso do mariner Natham Ross Chapman, o primeiro soldado americano a perder a vida pelo fogo hostil no Afeganistão: quem o matou foi um menino de 14 anos armado com um AK. O que torna esse fuzil tão onipresente é também o seu baixo custo. Em qualquer disputa territorial ou de poder são despejados muitos deles para “liquidar a fatura”, como se deu em Ruanda, cujo genocídio ocorrido em 1994 tinha a assinatura do AK.

Um de seus maiores rivais é o fuzil M16, mas, segundo Kahaner, “essa disputa nunca será decidida.” A fama de “arma dos oprimidos” – nascida nos arrozais da Guerra do Vietnã – espalhou pelo mundo uma imagem incomparável de sinistro glamour e prestígio. À distância, seu criador não recebe royalties pela invenção e hoje, aos 86 anos, vive de forma modesta na Rússia, quase totalmente surdo, entre orgulhoso da filha lendária e constrangido por seu sobrenome ser a assinatura de milhões de mortes em guerras e conflitos.

AKs são considerados “o combustível que mantém prolongadas ‘pequenas guerras’ na Ásia, África, América do Sul e Oriente Médio”, como disse o autor da obra. Kalashnikov não aceitou dar entrevista para o livro e é chamado por Kahaner de “personalidade compassiva e trágica.” Uma das frases que ele mais repete na velhice resume o quanto é assombrado pelo terrível presente que deu ao mundo: “Eu gostaria de ter inventado um cortador de grama.” Mas agora é tarde.




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